Basicamente, uma estrela de cinema é aquele ator ou atriz que atrai público para um determinado filme, daí são usados em todo tipo de promoção, desde pôsteres, entrevistas e por aí vai. A grande maioria leva anos para chegar a esse status (Dwayne Johnson, Ryan Reynolds, Tom Cruise, Nicole Kidman e por aí vai), mas vez ou outra sempre surge algum artista que só precisou de um filme para alcançar esse nível.
1 . Gal Gadot – Mulher-Maravilha (2017)
Quando foi anunciada como a futura Mulher-Maravilha/Diana Prince nos cinemas, no final de 2014, Gal Gadot era um rosto familiar entre os fãs da franquia Velozes e Furiosos, mas a sua popularidade só ia até aí. Com exceção da sua personagem Gisele, sua carreira tinha apenas pequenos papeis em séries americanas e outros projetos de menor destaque em Israel. Cansada de fazer audições e mais audições, Gal estava pronta para desistir da carreira de atriz e voltar para Tel-Aviv, quando o diretor Zack Snyder “salvou a sua carreira”, como ela própria disse em várias ocasiões, ao escalá-la como a famosa heroína da DC para Batman vs. Superman (2016). Quando a sua aguardada primeira aparição aconteceu, foi um dos pontos mais altos do longa, mas passou longe de transformá-la em “alguém” na indústria. Esse cenário mudaria no ano seguinte com Mulher-Maravilha (2017). O filme atropelou todos os blockbusters que estavam no caminho e até hoje é o filme mais financeiramente bem-sucedido da DC, atrás apenas de Coringa (2019). A vida de Gal também mudou completamente desde então, logo na primeira semana de estreia do longa, ela contou que a frente da sua casa ficou tomada por paparazzis, algo que a atriz nunca imaginou. Ela e Patty Jenkins foram bem acolhidas pelas grandes figuras de Hollywood e hoje ganham cachês milionários. Gadot, inclusive, está entre as atrizes mais bem pagas da indústria, recebendo milhões não só da Warner, mas também da Netflix, quando decidiu fazer Red Notice ao lado de Dwayne Johnson. Sua parceria com Patty Jenkins para um novo Cleópatra também não deve ter saído barato para a Paramount.
2. John Wayne – No Tempo das Diligências (1939)
Hoje John Wayne é conhecido entre os cinéfilos por seus faroestes em parceria com o diretor John Ford e, mesmo estando morto há mais de 40 anos, foi cancelado há algum tempo pela internet por causa da famosa entrevista dada à revista Playboy em 1974, na qual fez comentários racistas que certamente destruiriam sua carreira se fossem feitos atualmente. Wayne foi praticamente o inventor do herói viril que enfrenta sozinho vários vilões. Chegou em Hollywood no final dos anos 1920, fez vários trabalhos discretos, disso passou a estrelar filmes de aventura de baixo orçamento, até que foi escalado por John Ford em 1938 para o papel de Ringo Kid, protagonista do faroeste No Tempo das Diligências (1939, até hoje um dos melhores faroestes já feitos, na opinião de quem escreve), filme que o apresentou para o grande público e o transformou num astro. Ele dedicou o resto da carreira a protagonizar este tipo de personagem também em outros projetos que não eram faroestes, algo que o fez ser considerado um ator limitado por muitos cinéfilos atuais. Porém, ninguém duvida que o ator era um poço de carisma.
3. Julia Roberts – Uma Linda Mulher (1990)
Julia Roberts havia começado sua carreira há pouco tempo, mais precisamente em Sangue da Terra (1989), gravado em 1986 e tendo o irmão Eric Roberts como um dos protagonistas. Fez alguns projetos discretos e ganhou o Globo de Ouro em 89 por seu papel em Flores de Aço, filme pelo qual também recebeu sua primeira indicação ao Oscar, como melhor coadjuvante. Tal fato indicava uma carreira promissora para a jovem atriz, mas talvez nem ela esperasse que logo no ano seguinte chegaria ao topo ao viver a prostituta Vivian Ward em Uma Linda Mulher (1990), fazendo par romântico com Richard Gere, na época um ator de carreira já consolidada. Roberts nunca mais saiu dos holofotes desde então e o longa em questão se tornou um clássico do gênero.
4. Orson Welles – Cidadão Kane (1941)
Orson Welles começou a carreira no cinema chutando a porta, mais precisamente com o lançamento do seu primeiro filme, Cidadão Kane, em 1941. Ele tinha apenas 25 anos quando fez o longa. Não só deu vida ao protagonista Charles Foster Kane, mas também dirigiu, coproduziu e coescreveu o filme. Como resultado, dividiu o Oscar de melhor roteiro com Herman J. Mankiewicz, com quem brigou depois por causa dos créditos. Welles passaria o resto da carreira dirigindo obras aclamadas pelo público e pela crítica. Um caminho improvável se considerarmos que ele era o sujeito que dirigiu e narrou uma invasão alienígena pelo rádio em 1938, uma apresentação adaptada de um romance do escritor H.G Wells. Recentemente, falamos muito dele aqui no site em virtude do recente longa de David Fincher – Mank. Se quiser saber mais sobre o filme e sobre o roteirista Herman J. Mankiewicz, pode clicar aqui, ou confira aqui se quiser saber quem são as figuras reais que surgem em Mank, incluindo Welles.
5. Kate Winslet – Titanic (1997)
Kate Winslet começou muito bem ao derrotar 175 meninas para ser escolhida como uma das protagonistas de Almas Gêmeas (1994), filme dirigido por Peter Jackson e vencedor do Oscar de melhor roteiro original em 1995. Conseguiu se manter em trabalhos elogiados como Razão e Sensibilidade (1995) e Hamlet (1996), onde esteve ao lado de grandes nomes da dramaturgia, como Emma Thompson, Kenneth Brannagh, Alan Rickman, Hugh Grant, Gerard Dépadieu, Jack Lemmon e Julie Christie, mas Kate em si ainda era um “peixinho no oceano” ao lado deles. Em pouco tempo, ela mudaria o curso da carreira quando passou a perseguir James Cameron para dar a ela o papel de Rose DeWitt Bukater, em Titanic (1997). O sucesso do longa foi gigantesco e Kate se tornou uma atriz imediatamente respeitada e conhecida, uma posição melhor do que a do seu colega Leonardo DiCaprio, que de jovem promessa virou um galã adolescente, tendo que trabalhar duro para reverter essa imagem e voltar a ser visto como artista sério.
6. Michael B. Jordan – Creed (2015)
Do começo tímido fazendo participações em séries de TV, Michael começou a ser notado ao protagonizar o drama independente e de baixo orçamento Fruitvale Station (2013), do cineasta estreante Ryan Coogler. Ficou conhecido na bolha nerd ao ser escalado como o Tocha-Humana do reboot de Quarteto Fantástico (2015). O fato do personagem originalmente ser branco nas HQs colocou o ator no centro de mais uma discussão na internet sobre fidelidade ao material de origem. Isso se misturou às notícias de brigas entre estúdio e diretor que vazaram aos poucos na imprensa e o resultado foi uma imensa falta de interesse no longa entre os fãs de filmes de super-herói. A indiferença com o novo Quarteto era tão grande que chegou ao ponto de ninguém reconhecer o elenco enquanto eles passeavam pela San Diego Comic Con daquele ano, segundo a atriz Kate Mara, intérprete da Mulher-Invisível (que ironia). O filme foi obviamente um fracasso, mas felizmente, para Michael, a reviravolta na carreira chegaria no fim daquele mesmo ano, ao protagonizar o derivado da franquia Rocky, o longa Creed (2015). Aqui ele interpreta Adonis Creed, filho do lutador e amigo de Rocky, Apollo Creed. O filme foi sua segunda colaboração com o diretor Ryan Coogler e o colocou de vez entre os nomes da nova geração de astros de Hollywood. Dali pra cá, o ator tem recheado o currículo com longas elogiados como Creed II (2017), uma participação estelar em Pantera Negra (2018), terceira colaboração com Ryan Coogler; e Luta por Justiça (2019), que ele também produziu. Para o futuro, ele estará no novo filme de David O.Russell, ao lado de Christian Bale e Margot Robbie e será protagonista da adaptação de Without Remorse, livro de sucesso do escritor Tom Clancy.
7. Bette Davis – Escravos do Desejo (1934)
Bette Davis já havia feito uma “porrada” de filmes desde o início de sua carreira nos cinemas, em 1931, mas sem nenhum grande sucesso. Isso finalmente aconteceria com o lançamento de Escravos do Desejo (1934), no papel de Mildred Rogers, um trabalho que nenhuma atriz de grande calibre da época queria porque a personagem em si era extremamente desagradável. Mas Davis percebeu o potencial do papel e conseguiu convencer a Warner Bros. (de quem era contratada) a emprestá-la para o estúdio RKO, dona do projeto. Sua atuação foi tão elogiada na época que a indústria viu com indignação o fato dela não ter sido indicada ao Oscar em 1935. Os protestos foram tantos, que a Academia mudou as regras para que os votantes pudessem escolher nomes que não aparecessem nas cédulas de votação. Mesmo assim, o Oscar de melhor atriz foi para Claudette Colbert, pelo clássico Aconteceu Naquela Noite (1934), que não havia ido à cerimônia porque tinha certeza de que Davis ganharia. A atriz ganhou o Oscar no ano seguinte, pelo filme Perigosa (1935), prêmio dado a ela mais como uma compensação pelo ano anterior do que pela qualidade da performance em si.
8. Harrison Ford – Guerra nas Estrelas (1977)
Harrison Ford não tinha praticamente nenhum papel de relevância na carreira até viver Han Solo, talvez com exceção do seu personagem em Loucuras de Verão (1973), outro filme dirigido por George Lucas. Tudo mudou quando ele foi escalado para Guerra nas Estrelas (1977). (Sim, era assim mesmo que o filme se chamava antes de Lucas fazer mais filmes para a franquia e da Disney insistir em usar o inglês em tudo, para padronizar o merchandising). Não só o megassucesso do longa perdura até hoje, como também a carreira de Ford nunca mais foi a mesma e ele tem outros personagens icônicos da cultura pop no currículo, como Indiana Jones e Rick Deckard, de Blade Runner (1982). Não é todo ator que pode dizer que ficou eternizado no imaginário popular por mais de um personagem.
9. Vivien Leigh – …E O Vento Levou (1939)
O produtor David O. Selznick comandou uma busca frenética por todo os EUA durante anos, atrás da Scarlett O’Hara perfeita. Várias atrizes foram testadas ou consideradas para o papel, veteranas e amadoras. A personagem é protagonista de um romance de mesmo nome lançado também na década de 1930. Scarlett é uma moça mimada e rica que tem a vida radicalmente transformada pela guerra civil americana, obrigando-a a se tornar chefe de família e a tomar as rédeas do Rancho Tara, propriedade onde vivem, já que o pai não tem mais condições de saúde para administrar o lugar. A busca de Selznick por uma protagonista ideal atravessou o Atlântico e chegou à Inglaterra, chamando a atenção de uma jovem atriz de teatro chamada Vivien Leigh. A atriz inglesa já havia feito alguns filmes na Inglaterra, mas nada nos EUA, onde era uma completa desconhecida. Determinada, ela viajou até Hollywood para lutar pelo papel e aproveitar para fazer uma visita ao namorado Lawrence Olivier, que estava filmando a adaptação do romance O Morro dos Ventos Uivantes (1938). No fim das contas, venceu várias candidatas, disputando “a final” com Paulette Goddard (Tempos Modernos, de 1936), inclusive. Vivien fez par romântico com Clark Gable, o artista mais rentável de Hollywood na época. O filme fez um tremendo sucesso e ela ganhou o seu primeiro Oscar de melhor atriz pelo papel. Daí em diante, nunca mais saiu dos holofotes.
10. Hugh Jackman – X-Men (2000)
O australiano Hugh Jackman praticamente mal havia começado sua carreira de ator quando foi escalado por Bryan Singer para fazer o herói Wolverine, na primeira adaptação cinematográfica da equipe de X-Men. O ator chegou a ser criticado por ser mais bem alto do que o personagem nas HQs (Jackman tem 1,90 m; Wolverine, apenas 1,60 m), mas como sempre, o grande público deu de ombros para as queixas intermináveis de fãs de quadrinhos e X-Men (2000) foi um enorme sucesso, inaugurando uma nova tendência em Hollywood: A dos blockbusters sérios de super-herói, mostrando a todos na indústria que filmes baseados em HQs não precisavam ser necessariamente cheios de cores e de galhofa para funcionar com o público. Hoje é difícil imaginar Wolverine vivido por outro ator que não seja o australiano, que se aposentou de vez do personagem em 2017, com Logan, completando 8 filmes como Wolverine. O ator tem mantido uma carreira diversa e bem sucedida, sendo vencedor de um Emmy por sua apresentação da cerimônia de 2004 do Tony Awards, na categoria melhor performance em um programa de variedades, musicais ou de comédia. Ele próprio ganhou um Tony em 2004, por sua interpretação do cantor e compositor australiano Peter Allen no musical de sucesso da Broadway The Boy From Oz. Jackman também ganhou um grammy por sua participação como intérprete na trilha sonora do longa O Rei do Show (2017), eleita a melhor do ano. Só falta o Oscar na sua prateleira.
11. Audrey Hepburn – A Princesa e o Plebeu (1953)
No comecinho dos anos 1950, Audrey Hepburn era uma desconhecida e estava em início de carreira, tendo feito apenas alguns filmes no Reino Unido e na Holanda. Seu maior papel até então foi como protagonista da adaptação da Broadway do romance Gigi, feita em 1951. No ano seguinte, foi escolhida pelo célebre diretor William Wyler para protagonizar a comédia romântica A Princesa e o Plebeu (1953). No longa, que se passa durante um final de semana em Roma, uma princesa europeia chamada Ann se irrita com a sua agenda apertada enquanto faz uma visita oficial à cidade. De “saco cheio”, ela decide sair sozinha para explorar Roma e, depois de uma sucessão de eventos inusitados, encontra o jornalista americano Joe Bradley (Gregory Peck), que está à trabalho na cidade e não percebe que ela é a tal princesa que os outros comentam. O diretor queria uma protagonista que fosse fisicamente bem diferente das atrizes italianas curvilíneas e símbolos sexuais da época, como Gina Lollobrigida e Sophia Loren. Wyler fez um teste com Audrey para o papel e depois que acabou, se retirou do recinto e pediu de forma discreta ao seu assistente que continuasse filmando a atriz, sem ela perceber. Seu jeito natural de conversar com a equipe sem saber que estava sendo filmada, juntamente com o seu semblante delicado, convenceram Wyler de que ela era a atriz certa para o papel da Princesa Ann. Este teste mudaria de vez a carreira de Audrey. A Princesa e o Plebeu fez sucesso nas bilheterias e foi destaque na temporada de premiações em 1953. O filme recebeu 10 indicações ao Oscar e ganhou 3: De melhor atriz (Audrey), melhor figurino (Edith Head – a inspiração para Edna Moda, de Os Incríveis) e melhor argumento (Dalton Trumbo, que estava na lista negra de Hollywood, não recebeu o prêmio. Só foi creditado por sua participação no longa quando o filme foi lançado em DVD, em 2003. Ao invés disso, o roteirista Ian McEllan Hunter foi creditado no lugar dele pelo argumento, na época). Audrey ganhou todos os prêmios possíveis na indústria do entretenimento americano: Tem o Oscar que ganhou neste longa, tem o Tony Awards de melhor atriz por seu trabalho na peça Ondine, em 1954; venceu o Emmy pelo primeiro episódio da minissérie documental Gardens Of The World (1993) e venceu o Grammy de melhor álbum infantil narrado, também em 93. Os dois últimos prêmios foram entregues postumamente, visto que Audrey havia morrido no começo daquele ano, vítima de câncer.
12. Timothée Chalamet – Me Chame Pelo Seu Nome (2017)
Antes de Me Chame Pelo Seu Nome (2017), ele já transitava entre papeis pequenos de filmes elogiados (Homens, Mulheres e Filhos – 2014), peças e projetos independentes de baixo orçamento, que nem sempre chamavam a atenção dos críticos ou do público. Chalamet já havia lido o romance Me Chame Pelo Seu Nome antes do diretor Lucas Guadanigno o escolher para viver o protagonista Elio em sua adaptação para os cinemas. Elio foi o seu primeiro protagonista e seu primeiro papel mais denso até então: Um garoto de 17 anos que viaja de férias com os pais para a Itália, no início dos anos 1980, e lá descobre o amor ao se apaixonar por Oliver, um estudante universitário de 24 anos. O filme foi uma sensação na temporada de premiações em 2017, com todos elogiando a performance do jovem de 22 anos por sua abordagem intensa e complexa de Elio. Timothée foi indicado ao Oscar como melhor ator, não ganhou o prêmio, mas se tornou conhecido pelo grande público, e seu nome numa produção virou sinônimo de qualidade da obra. Ele atualmente encabeça a refilmagem de Duna, de Dennis Villeuneuve, e estará nos próximos longas de Wes Anderson e Adam Mckay, ao lado de Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence.
13. Brigitte Bardot – …E Deus Criou a Mulher (1956)
Antes de virar um patrimônio francês, de colocar Búzios no mapa e de ser vista no mundo todo como uma figura mítica por sua beleza, sensualidade e seu estilo de vida hedonista, Brigitte Bardot era apenas mais uma jovem atriz bonita e carismática como tantas outras em sua época. Sua carreira começou aos 18 anos, logo após seu casamento com o roteirista e aspirante a diretor Roger Vadim, em 1952. Sua aparência e sensualidade abriram-lhe as portas do cinema europeu e ela apareceu em vários projetos como Manina (1952), A Noite de Núpcias (1954) e As Grandes Manobras (1955). Bardot virou uma sensação do dia para a noite aos 22, quando fez Juliette, personagem principal de …E Deus Criou A Mulher (1956), filme de estreia do marido Roger Vadim, que também escreveu o longa. Juliette é uma jovem que vive sua sexualidade de forma aberta e livre, o que escandaliza o vilarejo francês onde vive. O filme foi sucesso tanto na França quanto no exterior. O filme chegou a ser banido em alguns lugares dos EUA por conter cenas de nudez e a Legião Católica da Decência condenou o filme e a atriz principal. Mas de nada adiantou. Bardot virou uma estrela mundialmente reconhecida e a visão dela que o filme cultivou no imaginário do público à época permanece até hoje, mesmo com as declarações controversas que a atriz faz de vez em quando sobre a França atual.
14. Al Pacino – O Poderoso Chefão (1972)
Al Pacino era um jovem ator com carreira promissora no teatro, iniciada no final dos anos 1960. Sua performance como um viciado em heroína no filme Os Viciados (1971) chamou a atenção do diretor Francis Ford Coppola, que decidiu chamá-lo para fazer um teste para o papel de Michael Corleone no filme em que estava preparando e que já tinha data para começar as filmagens – O Poderoso Chefão (1972). Coppola também procurava um ator que parecesse ítalo-americano. No entanto, os executivos da Paramount acharam que Pacino era desconhecido e baixinho demais para o papel. Os produtores queriam alguém conhecido do grande público, como Robert Redford, Warren Beatty ou Ryan O’Neal (recém-saído do sucesso Uma História de Amor, de 1970). Outro problema é que Al Pacino já estava escalado para protagonizar a comédia de máfia Quase, Quase uma Máfia (1971). Depois de muito insistir, Coppola finalmente conseguiu convencer os executivos de que Pacino era a escolha certa, daí a Paramount negociou com a MGM para liberar o ator do projeto no qual já estava escalado. Quando O Poderoso Chefão foi lançado no ano seguinte, se tornou a maior bilheteria do ano. Recebeu 11 indicações ao Oscar e Al Pacino recebeu sua primeira indicação, concorrendo na categoria de melhor ator coadjuvante, que disputou com outros dois colegas de elenco: James Caan (Sonny Corleone) e Robert Duvall (Tom Hagen). O resto, como dizem, é história.
15. Margot Robbie – O Lobo de Wall Street (2013)
A carreira de Margot Robbie pode muito bem ser dividida em antes e depois de O Lobo de Wall Street (2013), ou melhor, antes e depois do tapa que ela deu em Leonardo DiCaprio quando fez o teste para o papel de Naomi Lapaglia. Antes do filme de Scorscese, a australiana havia feito apenas trabalhos discretos na TV. Então, em um certo dia, ela se juntou a outras atrizes loiras, jovens e bonitas como ela para fazer um teste para a protagonista feminina de O Lobo de Wall Street. Diante da concorrência e da oportunidade única que é fazer um teste para um papel importante num filme de um diretor renomado, Margot decidiu que precisava fazer alguma coisa para chamar a atenção. A atriz contou como foi a audição dela à revista Harper’s Bazaar, em 2017: “Na minha cabeça eu estava tipo: ‘Você literalmente só tem 30 segundos nesta sala e se não fizer algo impressionante, nada vai sair disso. Esta é a chance de uma vida, aproveite’. E então eu comecei a gritar com ele (Leonardo DiCaprio), e ele gritava de volta comigo. Leo era realmente assustador e eu mal conseguia acompanhá-lo. No fim, ele diz: ‘Você deveria estar feliz em ter um marido como eu. Agora venha aqui e me beija’. Então eu andei até chegar bem perto do rosto dele e aí eu pensei: ‘Talvez eu devesse beijá-lo. Quando vou ter outra oportunidade de beijar Leo DiCaprio?'” Mas outra parte do meu cérebro deu um clique e ‘plaft’. Bati na cara dele e aí eu gritei: ‘Vai se foder!’. Isso não estava em nenhum lugar do script. A sala simplesmente ficou num silêncio mortal e eu congelei“. Nem é preciso dizer que o tapa compensou. Hoje ela tem o respeito do público e da indústria. Abriu também sua própria produtora – a Luckysharp, que no momento se dedica a produzir franquias e filmes “de arte” para ganhar Oscar, algo que ainda não aconteceu, mas que já rendeu algumas indicações aos filmes que ela produziu. Esse ano a Luckysharp vai tentar emplacar o longa Promising Young Woman (2020) nas premiações. Se vai colar, está a conferir.