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Crítica: Pinóquio de del Toro (2022) | Quando é pela arte, notamos a diferença

Pinóquio de del Toro mostra que quando é pela arte, a gente vê a diferença

O mais recente lançamento da carreira de Guillermo del Toro na Netflix, Pinóquio consegue trazer uma roupagem envolvente para um conto que já não tinha mais o que contar

Cartaz do filme / Foto: IMDb

Existem contos que transcendem gerações, encantando crianças, jovens e até mesmo adultos com seus ensinamentos. Por isso o trabalho de adaptação, que é o ponto em que Pinóquio por del Toro acerta em cheio, trazendo uma roupagem totalmente nova para um conto já desgastado.

Dirigido por Guillermo del Toro e Mark Gustafsson, esse stop motion demorou cerca de 15 anos para ficar pronto para seu lançamento, o que podemos ver em cada detalhe desse longa encantador.

A história de Pinóquio

Cena do filme / Foto: IMDb

Nessa adaptação do conto originalmente feito por Carlo Collodi, no qual o carpinteiro conhecido como Gepeto, cria um menino de madeira chamado Pinóquio, que ganha a vida graças a uma fada. 

Com isso, seu maior sonho é se tornar um menino de verdade. Para isso, se envolve em inúmeras aventuras onde ele aprenderá o verdadeiro significado de amizade, amor, e principalmente: responsabilidade pelos seus atos.

O filme em si 

Nesta versão de Pinóquio, o stop motion ajuda a dar uma estética mais “estranha” aos os personagens, o que é algo característico na cinematografia de del Toro. Isso acaba deixando tudo com um ar mais mágico, em que cada cena, é um verdadeiro espetáculo.

Graças a um olhar mais adulto dado  aos personagens, a narrativa consegue manter o encanto do conto original, mas ainda deixar suas motivações mais envolventes e críveis, não subestimando o espectador.

O roteiro é o grande trunfo desse filme. Ao abordar temas complexos, como morte, pureza, obediência, identidade, aceitação e muitos outros, acaba dando um tom totalmente novo para esse conto tão saturado.

Isso fica muito claro quando comparamos com a adaptação lançada no Disney+, que não chega nem na poeira dos pés dessa animação.

Diferente deste filme, o live-action da Disney se agarra com todas as forças no conto original, buscando uma nostalgia inalcançável. Mas o resultado é somente um: vergonha alheia.

Direção

Imagem dos bastidores / Foto: IMDb

A estética marcante de terror de Guillermo del Toro também está presente em Pinóquio, principalmente pelas sombras e temas adultos. Ele consegue entregar novamente uma obra leve, embora perturbadora.

A sua carga histórica colabora muito para isso. Como o filme se passa durante a ascensão das forças do partido fascista de Mussolini na Itália, o que dá uma roupagame político bastante interessante.

O motivo dissso é como a guerra é interpretada sob o olhar inocente de uma criança, deixando tudo mais fofo, e ao mesmo tempo: inútil.

Aliás, o longa esse é um grande ponto a seu favor — ao passar todos os momentos sob a ótica do menino de madeira, dá leveza e sensibilidade bastante incomuns a situações que seriam perturbadoras se vistas de fora.

O elenco

O elenco estelar de Pinóquio é digno de nota. Ewan McGregor, arrebentando como sempre em suas atuações, é brilhante como o Grilo. Cate Blanchett, bem… Está no papel mais inusitado na carreira, sem dúvida alguma.

Pinóquio vale a pena?

Cena do filme / Foto: IMDb

Por tudo isso, Pinóquio de del Toro é um dos grandes filmes lançados em 2022 pela Netflix, embora ninguém estivesse dando nada para ele. Consegue ser um filme divertido para toda a família, mas que não subestima a inteligência dos pais ao vê-lo. 

Bônus

Se você gostar da animação, recomendamos dar uma olhada no documentário do making off do filme, que também está disponível na Netflix. Nele é possível ter uma dimensão maior da animação, que deixa o longa ainda mais rico.