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Crítica: House of the Dragon 2ª Temporada | Atenção! Proibido fantasia na Avenida Brasil medieval

House of the Dragon chegou na segunda temporada trazendo problemas que veríamos facilmente em Avenida Brasil

House of the Dragon é o primeiro derivado que surgiu da série Game of Thrones que tem origem na saga de livros As Crônicas de Gelo e Fogo. Adaptando o livro Fogo e Sangue que é basicamente um arquivo que existe dentro do universo falando sobre a família Targaryen.

Em sua primeira temporada, a série foi aclamada trazendo aquela sensação de uma “fantasia séria” que Game of Thrones trazia nas primeiras temporadas. Acompanhamos a drama novelesca de Rhaenyra Targaryen tentando conquistar o direito pelo trono de ferro após seu pais Viserys a oficializar como herdeira, vemos os conflitos de Daemon, Alicent Hightower e toda essa Avenida Brasil medieval. Contudo agora na segunda temporada onde veríamos a real consequências desses conflitos… foi parar aonde?

Onde vai parar a guerra? No lixão junto com a Carminha?

No final da primeira temporada, a família Hightower oficializa Aegon II como o herdeiro do trono de ferro após a morte de Viserys. Isso cria um conflito direto com Rhaenyra e seus aliados que desconheciam essa estratégia de Alicent e companhia. E logo nos momentos finais, seu filho Luke acaba morrendo pelo dragão Vhagar comandado por Aemond Targaryen.

Logo no início da temporada temos uma morte chocante que nos deixa tensos sobre os próximos movimentos de cada lado. Contudo esse conflito parece ser postergado à todo momento. Apesar de diversos momentos estarem nos livros, conflitos que seriam interessantes de serem vistos, são somente passados fora de cena.

Já do outro lado temos um “foco nos personagens”, buscando desenvolver cada um deles. O que torna interessante, afinal se quisermos nos importar com a história, devemos nos importar com os personagens. Só que nunca sabemos ao certo para onde cada personagem está indo. As narrativas parecem se enrolar em um grande emaranhado que supostamente leva à uma trama maior.

O arco da Alicent por exemplo, que pode ser visto como um paralelo com a Carminha logo após ter sido desmascarada, está perdida, desolada. Tentando agora encontrar um propósito, ela vê como Rhaenyra se sentiu ao enfrentar um reino comandado por homens. E com isso também entra o dilema moral de um relacionamento com o personagem odiado por todos, Criston Cole.

Contudo está em Criston Cole um dos dilemas mais interessantes do evento da Dança dos Dragões nos livros. Dentre os poucos conflitos que tivemos na série, a luta entre dragões foi um ponto alto ao mostrar essas criaturas místicas se enfrentando.

Aos olhos de Criston vemos como os humanos são impotentes perante os dragões e sua força. Odeie o personagem o quanto quiser, mas assim como o Maxwell ele traz movimentações para a trama através de suas decisões erradas.

Enquanto isso em Pedra do Dragão, temos Rhaenyra que é obviamente Nina tentando lidar com até onde pode ir sua crueldade e em como ela pode deixar de ser uma mera peça do tabuleiro. Andando de um lado para o outro, a personagem se sente perdida assim como a audiência da série tentando encontrar sentido em certos momentos da série.

Só que são em breves momentos de conversas e reflexões de cada um desses personagens que vemos elementos que fazem a diferença nas crônicas. Os dilemas morais, os questionamentos não sobre certo e errado, mas sim sobre os sentimentos de cada personagem, tornam eles interessantes e fogem do sentido linear que muitas séries de fantasia possuem.

E falando em fantasia, por onde andas Daemon Targaryen?

Para além das viagens mentais de Daemon até a fantasia que faltou em GOT

Nessa temporada o personagem Daemon se afasta de sua “amada” Rhaenyra e vai até o castelo destruído de Harrenhal tentando conquistar um exercito com aliados o suficiente para mudar  a balança da guerra. Assim como Tufão que após perder o sentido da vida desaparece em busca de entender o que fazer a seguir e se o seu amor por Nina tem algum significado.

Deixando as brincadeiras de lado, muitas pessoas odiaram esses momentos na série alegando ter tomado muito tempo que poderia ter sido utilizado em outras situações. Contudo, esses momentos trouxeram um elemento que foi muito ausente em Game of Thrones, a magia.

Existe é claro elementos na série, contudo parece que os irmãos D&D tinham vergonha de explorar esse elemento tão rico nos livros. Aqui é diferente. Vemos através das ilusões e medos de Daemon momentos que trazem o questionamento de “qual o seu propósito” presente em toda a narrativa da série.

Apesar de ser uma ferramenta covarde para fan service, ainda traz uma abordagem diferente e interessante que conseguiu enriquecer uma trama que tenta ser vendida somente como uma “trama política medieval e realista”.

O mundo de Gelo e Fogo é rico, e não somente cruel em suas formas de matar personagens. Seu universo possui bruxas, deuses, monstros e muito mais além de dragões. E apesar de não ousar tanto, os poucos momentos durante essa temporada que trouxeram esses elementos, fez a série caminhar por uma jornada diferente e interessante.

Entre novos e antigos personagens, quem matou o Max (ou a temporada em si)?

Assim como sua série antecessora, temos diversos personagens que percorrem a trama em volta da guerra pelo trono de ferro. Temos o próprio Jace que é filho de Rhaenyra e tenta encontrar um propósito pelo o que fazer para vencer a guerra.

Mesmo tendo boas intenções, o personagem sempre é usado somente como algum tipo de escada para algo maior, enquanto anda fazendo bico pela Pedra do Dragão e esboçando sua beleza para todos assim como o Jorginho.

Já os nossos Nilson e Lucinda mais conhecidos como Coryls e Rhaenys aparecem pouco, mas agregam para a trama. Principalmente Rhaenys que é uma personagem que logo cedo teve o seu propósito morto ao se tornar a “Rainha que nunca foi” e entendeu o jogo por trás de toda a política da série.

E sem dá muitos spoilers, nós temos a “Semeadura” que é um momento importante dos livros e foi bem adaptado para a série nessa temporada. Apesar de tudo, o roteirista Ryan Condal consegue conectar as narrativas através de uma trama em comum.

Novos núcleos e também cenários sendo trazidos para a série trazem um refresco que faltava para esse mundo tão rico em cultura e ambientações. Só que apesar dessas qualidades, a série parece enfrentar um grande problema: O MALDITO LELECO.

Tal qual o motor velho de um celta… a série tenta engatar… mas não funciona

Durante essa temporada, apesar dos bons momentos, parece que estamos assistindo a um interlúdio. Sempre haverá algo maior que vai acontecer, mas nunca acontece nada. Há um horizonte que nunca chegamos e isso gera um problema de não sabermos para onde iremos ou onde esses personagens irão parar.

Tivemos diversos “foreshadowings” que remetem ao destino de cada personagem, o que dá a entender que o final dos personagens será igual o do livro. O problema é que isso parece ser uma “fornalha” para estarmos sempre aquecidos e nos manter interessados para assistir a série.

Apesar de bons momentos, vemos um desgaste da narrativa. O lado bom é que a série irá terminar na quarta temporada. O Ruim? Ainda teremos altos e baixos sobre o desenvolvimento de alguns personagens.