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Review: Minds Beneath Us! | Em um mundo controlado por I.As, você tem controle do que?

Minds Beneath Us é o jogo da Bearbone Studios, que ao olhar a capa, você pode pensar ser um simples jogo indie que traz elementos futuristas no estilo mangá, contudo ao dar uma chance e entrar no jogo, você vê algo bem diferente do normal.

Acompanhamos no jogo um tipo de consciência que acaba se apoderando de um corpo e a partir disso você precisa viver a vida através dos seus olhos enquanto investiga o que aconteceu e porque você está ali. Nesse mundo a I.A tomou conta da forma de vida cotidiana e você trabalha em uma “fazenda” responsável pela coleta de dados e constante adaptação das inteligências artificiais.

Houve um longo período de obras no gênero cyberpunk e agora parece haver uma certa escassez na forma devido à época que estamos. Só que é nesse exato momento que obras assim são necessárias, e esse jogo surge com um importante dilema: o que fazer quando a evolução constante das I.As é inevitável?

Um mundo sob total vigilância

Em Mind Beneath Us nós exploramos uma Ásia cyberpunk que foi dominada pelas inteligências artificiais. O interessante da proposta aqui está em abordar de uma forma mais “franca” a ideia. Vemos como o cotidiano se alterou, desde as rotinas casuais de trabalho até a forma como o trabalho mudou.

Durante a narrativa temos diversas oportunidades de investigar o que cerca esse universo e podemos olhar questões que hoje em dia estão sendo tratadas em nossa realidade. Um momento muito interessante é quando um entrevistado diz “a nossa legislação não consegue acompanhar a evolução das I.As”. Isso apesar de soar singelo, é um dos muitos detalhes que o estúdio fez questão de abordar em sua história.

Aqui estamos sempre no dilema entre “ser humano” e “ser algo binário” no sentido de haver somente respostas como “sim” ou “não”. As relações de cada personagem nos ajuda a se tornar mais questionadores sobre a realidade em nossa volta.

O humano em um mundo robótico

O roteiro do jogo se propõe em explorar a sua narrativa ao máximo. Apesar de ter momentos de ação pontuais que funcionam e se encaixam de forma natural ao jogo, seu brilho está nos personagens. Logo no início nos deparamos com o primeiro dia de emprego do nosso protagonista, onde ele se vê perdido e tentando dar o seu melhor.

Isso traz a sensação mais humana de todas, o medo perante o desconhecido. Nisso, somos apresentados a todos os personagens que irão compor a trama do jogo, nossa namorada, chefe, amigos de trabalho e os mistérios envolto dessa trama cyberpunk.

O impressionante aqui é a naturalidade dos diálogos, que você veria facilmente em um escritório dos dias de hoje. Colegas brincando um com outro sobre apelidos, histórias de festas que deram errado e profundas conversas sobre o trauma de cada um. Isso é um detalhe onde vemos que apesar da evolução da tecnologia, o lado humano permanece o mesmo.

Nos afeiçoamos a esses personagens, criamos conexões e laços que não vemos normalmente nos jogos de hoje, e isso cria a arma perfeita para nos destruir nos capítulos seguintes do jogo.

O que vier a partir de agora… não será bom em Minds Beneath Us

Até o presente momento estou no segundo capítulo do jogo que possui o total de 5 capítulos mais um prólogo que irá mostrar o que aconteceu com cada personagem da narrativa.

O jogo possui cerca de 12 horas, o que é um número consideravelmente grande para um indie. E o tempo todo somos colocados à prova de nossas escolhas devido ao fato de haver um contador de tempo na maioria das nossas decisões de diálogo.

Isso faz com que você fique o tempo todo em pé na cadeira pensando “será que foi a decisão certa”. Sendo um jogo cyberpunk, os próximos capítulos serão cada vez mais tenso e irão somente acrescentar a tensão e drama para a narrativa.

Essa é uma boa oportunidade para voltar a explorar um mundo cyberpunk e ir além disso, explorar como nossas decisões podem afetar não grandes escalas de escolhas sobre “salvar o mundo”, mas sim sobre salvar aqueles que são importantes para você.