House of Gucci entra na categoria de filmes mais aguardados de 2021, devido ao seu elenco estelar, a ascensão de Lady Gaga e também do diretor Ridley Scott. O filme que conta a polêmica história por trás de um dos maiores pilares do mundo da moda, a Gucci, é nos mostrado através de um olhar confuso, mas que ainda desperta certa curiosidade.
A história de House of Gucci baseada em fatos reais mostra os conflitos dentro da família Gucci que nos anos 80 eram os principais destaques no ramo da moda sendo uma família tradicional no mercado. Acompanhamos o florescer do relacionamento entre Patrizia Reggiani (Lady Gaga) e Maurizio Gucci (Adam Driver), e também em como sua subida ao poder causou de certa maneira a queda da empresa até o trágico fim com o assassinato de Maurizio por sua esposa.
Como um filme de certa maneira biográfico ele tem uma das tarefas de nos conduzir na época e também nas vidas daqueles personagens. Um dos maiores exemplos que podem ser apresentados é O Lobo de Wall Street de Martin Scorsese. O diretor usa o artifício da quebra da quarta parede para nos conduzir naquela história, já em House of Gucci nós não temos isso. O filme tenta conduzir de forma natural a história e também o seu período de tempo onde aos poucos ficamos presos nela, mas em diversos momentos a história fica confusa não somente pela falta de detalhes mas também de não nos situar onde estamos. O enredo se passa durante diversos anos diferentes, países e personagens onde nos perdemos ou sequer sabemos o que aconteceu naquele período.
A montagem do filme não arrisca em momento algum e busca ser de certa forma simplista focando na direção e personagens, contudo olhando para alguém que dirigiu Gladiador, House of Gucci pode ser considerado um falso marco. A fotografia do filme consegue ser condizente com a ideia passada pelo filme que mistura a alta classe da sociedade com o conservadorismo da família Gucci. E a direção não surpreende ou faz algo que se destaca, dando todo o esforço para roteiro e personagens carregarem a trama.
Já os personagens que seriam o principal cerne da obra, acaba não entregando o suficiente. Lady Gaga entrega uma boa atuação que se destaca devido a falta de aproveitamento dos demais. Patrizia de certa forma é uma figura caricata por si só, e a atriz pontua isso em diversos momentos do filme que a tornam o centro da história. Do outro lado temos Adam Driver que durante boa parte do primeiro e segundo ato é passivo daquele mundo, e fazendo um papel frágil, o ator infelizmente não possui muito espaço para ações maiores. Dentre os secundários do filme temos Jared Leto interpretando Paolo Gucci que entrega uma ótima atuação mas seu personagem parece não se encaixar naquele mundo e quando o encaixamos o filme se torna uma sátira em si. Os grandes ícones Al Pacino e Jeremy Irons são bons no tempo que lhes foi oferecido, mas nada que faça eles sobressaírem sobre o resto.
O polêmico caso da família Gucci foi motivo de debate nos anos 90 e marcou o mercado da moda para sempre. Por mais que seja evidente a proposta do filme de mostrar a história da família em si. É uma pena que as questões envolvendo o crime ocorrido não sejam devidamente abordados, assim como a personagem da Salma Hayek. Como um todo esse filme parece ser um compilado de recortes dessa história que nos intriga, consegue nos conduzir até o final mas sai com um resultado padrão, o que não deveria ser tendo em vista tudo que está por trás desse filme e dessa história.