A Disney sempre esteve no patamar de ser o estúdio com o ápice das animações no cinema. Após a entrada da Pixar no mercado, houve a abertura de uma concorrente, mas que logo foi comprada pela própria. E agora desde os anos 2000 a Disney busca emplacar com adaptações live-action de suas obras. Com altos e baixos em relação a crítica, a bilheteria sempre agrada, devido ao fato de sempre apresentarem atos grandiosos de suas principais história. Contudo essa história apresenta algo mais introvertido, onde vemos a origem de uma personagem caricata, com uma obra que segue a alma caricata da icônica Cruella.
O filme dirigido por Craig Gillespie (Eu, Tonya) traz consigo um retrato único sobre uma das personagens mais icônicas da Disney. Com uma direção que em diversos momentos traz uma condução fluída e que não deixa a trama se arrastar, mas ao mesmo tempo é visível o preenchimento de montagens com trilhas sonoras para ocupar um espaço em branco. A fotografia acinzentada do filme serve como plano de fundo para destacar a ousadia da personagem Cruella com seus trajes vibrantes.
E a Cruella em si incorpora toda a dualidade que a personagem precisa através da atriz Emma Stone. Ela consegue trazer consigo um carisma cativante, e que nos permite questionar se realmente aquela é a personagem que vemos em 101 Dálmatas. Os personagens de suporte como Emma Thompson e Mark Strong servem para o desenvolvimento da personagem, contudo conseguem destacar algumas nuances para se tornarem personas distintas naquele mundo.
Mas a ovação e méritos se devem aos figurinos e produção em volta desse filme. A responsável pelos figurinos Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria) traz algo caricato e único para o filme, que entrega provavelmente a adaptação mais singular da Disney. Os cenários de algo que se mistura entre uma Europa Clássica com toques modernos que se conectam ao tema da moda em si. De fato todos os méritos merecem ser dados a equipe de produção, que conseguiu entregar elementos únicos que fazem da história de Cruella um conto sobre a rebeldia na moda.
Talvez de fato não seja visível falhas no conto de origem da personagem Cruella, contudo como todo “conto de fadas”, temos um roteiro simplista que acaba sendo óbvio e que talvez poderia ter sido resolvido em menos de duas horas. Os méritos dessa história de origem estão em apresentar algo único e com uma identidade própria que vimos somente em Malévola e Alice do Tim Burton.