Avatar foi um marco para os cinemas. Independente de opiniões, ele se tornou algo que modificou a forma como víamos a captura de movimentos e efeitos especiais. Após isso, o futuro da franquia em si se tornou nebulosa, e acabamos perdendo ela ao longo dos anos. Após a compra da FOX pela Disney, também houve uma certa dúvida da franquia. Sabíamos que James Cameron estava trabalhando arduamente no projeto, mas o projeto em si permanecia incerto.
De um lado, tínhamos James Cameron buscando inovar cada vez mais a tecnologia cinematográfica, preparando uma possível franquia de cinco filmes. Já do outro, havia a pandemia, a mudança no cinema e a era dos streamings trazendo novos debates sobre as experiências feitas pelo diretor. Entretanto, o projeto seguiu adiante, onde agora em 2022, vemos o seu resultado.
O Antes e Depois de Pandora
Em Avatar 2: O Caminho da Água, acompanhamos o decorrer da história de Jake Sully que agora possui uma família. Entretanto as coisas dão errado a partir do momento que os humanos retornam para Pandora e iniciam um novo conflito, em busca de eliminar Jake. Fugindo e buscando proteger a sua família, ele parte em uma jornada até a tribo aquática de Na’Vi buscando refúgio e uma maneira de enfrentar os seus problemas.
Uma controversa que eu abria sobre o primeiro filme, era em como o enredo não conseguia se consolidar por conta própria. Os vislumbres daquele mundo fantástico, ocultavam um enredo simplista e rodeado de clichês conhecidos. Só que aqui, na sequência, temos não uma ousadia por parte dos roteiristas, mas um apelo e cuidado maior para o enredo.

As conexões familiares são o grande centro de toda a trama, uma família passando por mudanças, outra se conhecendo e algumas buscando se entender e crescer em conjunto. Os laços com os personagens são grandes e poderosos o suficiente para nos apegarmos à cada um. Suas emoções são transmitidas através dos seus dilemas pessoais, que são únicos e capazes de refletir a realidade, criando algo extremamente palpável.
Os laços são tão bem construídos, que até mesmo os personagens novos possuem carisma e destaque. Entendemos não somente suas razões, mas também aquilo que os faz serem quem são. Fica o destaque para Neytiry (Zoe Saldaña) que surpreendente mostrando uma outra face de sua personagem.
Os Efeitos mais que especiais
Agora antes de prosseguirmos, precisamos falar sobre o “elefante na sala”, vulgo “efeitos especiais”. Esse era o grande desafio de James Cameron, inovar e trazer todo o potencial daquilo que ele havia prometido. E uma das coisas que sempre se destacou no filme foi a movimentação dos personagens, a captura de movimentos que se renovou em Senhor dos Anéis, e ficou consolidado em Avatar, traz aqui um grande avanço tecnológico.
A movimentação dos personagens são fluídas, vivas e inconstantes (assim como os humanos). Enquanto os Na’Vi das florestas possuem determinados trejeitos, os dos mar também tem seu próprio conceito. Além disso, o trabalho de texturo na pele do personagens, e iluminação surpreende ampliando toda aquela realidade que vimos no primeiro filme. Dificilmente esse será um projeto que irá envelhecer mal, porque aqui vemos todo um trabalho construído em volta da modelação desse universo.

O mundo subaquático é o grande destaque, tendo uma grande variação de criaturas, plantas e locais. Quando foi anunciado o filme do Aquaman, e até mesmo a aparição do Namor na Marvel, alguns levantaram a questão sobre o fator “estreia”. Como já havíamos sido apresentados a mundos subaquáticos, não teria um impacto tão grande, mas a reviravolta aqui é outra. Aqui temos um mundo imersivo (desculpe o trocadilho), e que não se iguala a nenhum outro, pelo contrário, ele se eleva.
James Cameron refletindo a realidade da Terra em Pandora
E cabe aqui falar sobre as críticas que James Cameron aborda nesse filme. Se anteriormente tínhamos um enredo com elementos de “Pocahontas”, aqui é diferente. As críticas perante o capitalismo e suas influências negativas para o ecossistema, são claras. Além disso também é abordado os efeitos de ocupações militares e do próprio imperialismo, tendo aqui como alvo, os Na’vi.
É inegável o “Fator James Cameron”, e apesar de suas falas controversas, seu papel no cinema é gigantesco. Desde Exterminador do Futuro vemos um diretor que busca em sua eloquência alterar as próprias leis estabelecidas pelo cinema. Aqui temos o resultado de um longo período de trabalho, não só por ele, mas também por toda a produção atrás desse filme. A dedicação é vista em tela, o espetáculo é real e ele está nos caminhos pelas águas de Pandora. O 3D permanece incerto, não inovando na tecnologia, mas se puder ir em uma boa sala, garanto que terá uma experiência melhor.