O espetáculo visual deslumbrante de Avatar, compensa um roteiro fraco e clichê, apesar de bastante importante para a atualidade
Existem filmes que revolucionaram a forma de se fazer cinema. Eles podem ter histórias que nem sempre são boas, mas a técnica deles faz com que eles sejam eternamente lembrados. Felizmente, Avatar é uma destas obras.
Escrito e dirigido por James Cameron (Exterminador do Futuro), acompanhamos o ex-fuzileiro paralítico Jake Sully em sua jornada por Pandora. Após seu irmão morrer, ele é convencido a participar de um projeto que incorpora um corpo feito em laboratório dos alienígenas Na’vi, que moram em um planeta distante.
Apesar desse povo parecer primitivo, eles possuem um profundo respeito pelo ecossistema em que vivem, fazendo uma analogia clara aos povos indígenas. Porém, os humanos chegaram no planeta atrás de um minério super valioso, e através do processo de mineração, eles estão colocando em risco todo o meio ambiente.
É uma referência clara aos povos europeus que invadiram os povos indígenas para explorar riquezas. Hoje, podemos colocar esses imperialistas como instrumentos do capitalismo, ao colocar como principal vetor para essa exploração um minério que vale muito dinheiro. O que infelizmente, não está muito longe da verdade ultimamente.
Mas para conseguir formar uma “parceria econômica” com essa tribo, Jake se infiltra dentro da tribo para conseguir informações valiosas para os humanos. Porém, ele começa a ter uma conexão melhor com o ecossistema de Pandora, e também com o seu povo, e acaba mudando de lado, e lutando para que esse estilo de vida continue.
O roteiro de Avatar tem muitos pontos semelhantes a animação Pocahontas (1995), onde um ser de outra cultura, através dos olhos de uma nativa, acaba vendo como sua missão é impura. Com isso, a história não é exatamente uma das mais inovadoras.
Porém, James Cameron consegue habilmente mascarar seu roteiro pobre com um espetáculo visual como nunca visto antes. Mesmo depois de aproximadamente 13 anos, ainda não vimos algo com essa magnitude técnica.
Muito do que o diretor quis passar ao longo do filme, não está em falas, mas sim no visual riquíssimo e tão detalhado, que parece que realmente existem florestas daquele tipo acessíveis para serem filmadas.
Através de cenas, onde possuem uma trilha sonora bastante impactante, muitas das mensagens e dessa conexão com a natureza é mostrada, mesmo que sejam cenas mudas. Por isso, o espetáculo visual fez com que Avatar virasse esse fenômeno mundial.
Já que falamos de cenas, a parte técnica do filme é o que fez ele ser um marco da história do cinema. Avatar foi o responsável por aprimorar a tecnologia 3D pela primeira vez, para que fosse possível usá-la em outras películas.
Mas para que esse processo ficasse muito bom, ele precisava ser todo produzido para ser passado nesta tecnologia. Por isso que aqui vemos a diferença brutal de um filme que foi filmado especificamente para 3D, de outros que são gravados para outros formatos, e colocam o efeito por cima.
Esse espetáculo visual foi tão bem recebido pelo público, que até hoje, Avatar é a maior bilheteria da história do cinema mundial. Além disso, ele também conquistou dois Oscars: Melhores Efeitos Especiais e Melhor Fotografia, durante a cerimônia de 2010.
Com tudo isso, Avatar, embora tenha um roteiro muito fraco, ainda consegue passar uma mensagem de preservação ambiental muito importante para os dias de hoje através de um espetáculo visual deslumbrante, que compensa ser visto. Que a sua continuação venha a ser tão impactante como foi o primeiro filme.