Alien é uma daquelas franquias que você assiste o primeiro filme e pensa “isso é uma obra prima inigualável”. Então você assiste o segundo filme e pensa “Isso é muito bom mas igualável”. E tem o terceiro que a gente se diverte e pensa “Isso é bom”. E tem um outro que preferimos não comentar sobre.
Uma franquia de altos e baixos, que nunca conseguiu retomar o sucesso que teve no início, e sempre ficou naquele ponto de tentar reiniciar a franquia de alguma forma. Tivemos os fatídicos crossovers com Predador, e é claro o “Prometheus e não cumprius”. Apesar da boa ideia de explorar os conceitos por trás da origem da vida, o filme não se contentava em explorar essa ideia, mas também ele focava em tentar parecer um documentário do Alienígenas do Passado do History Channel.
Só que há agora uma volta desse universo que aparenta ser muito promissor. Em Alien: Romulus temos um grupo de jovens que deseja sair do planeta de mineração que explora sua força de trabalho através de uma antiga nave dividida em duas partes chamada Remus e Romulos (referência aos filhos do deus da guerra Ares). Temos a protagonista Rain (Cailee Spaeny) e seu irmão que é um robô, Andy (David Jonsson) ao lado de Tyler (Archie Renaux), Kay (Isabela Merced Isabela Merced), Bjorn (Spike Fearn), Navarro (Aileen Wu Aileen Wu).
E nesse retorno da franquia, ela também volta para sua estrutura original. Contudo a referência que o diretor encontrou para isso, não foi no filme original, e ainda bem que também não foi com Ridley Scott.
Se no cinemas a franquia caiu, nos videogames ela cresceu
De acordo com o diretor Fede Alvarez durante uma entrevista ao podcast Total Film ele falou sobre sua experiência com o jogo da franquia, Alien: Isolation.
“Alien: Isolation foi o que me fez ver que Alien poderia ser realmente aterrorizante e bem feito [nos dias de hoje]”, disse Alvarez. “Joguei alguns anos depois que foi lançado. O Homem nas Trevas (2016) estava saindo. Ou eu estava esperando O Homem nas Trevas (2016) sair, e eu estava jogando o jogo. É por isso que, na época, eu estava tipo: ‘cara, se eu pudesse fazer alguma coisa [grande], eu adoraria fazer Alien e assustar o público novamente com essa criatura e esses ambientes’. Eu estava jogando e percebendo o quão aterrorizante Alien poderia ser se nos voltássemos para esse tom.”
O jogo é sem sombra de dúvidas uma das maiores experiências de terror dos videogames, justamente por explorar o conceito dessa criatura perfeita que é o Xenomorfo. Sendo perfeita, como você pode fugir de uma criatura que se adapta a qualquer cenário e principalmente em um cenário claustrofóbico como uma nave destruída.
E a narrativa do jogo explora justamente esse aspecto, trazendo todo aquele sentimento de medo e tensão do desconhecido que está na sua frente. Justamente por isso é um fato dizer que os videogames entenderam a proposta da criatura.
Indo além desse jogo, também temos Alien: Dark Descent que é um jogo isométrico tático onde ele já possui mais elementos que vimos em Alien 3. Só que, mesmo tendo um foco maior na ação, ele explora o conceito do humano querer usar o alien para se tornar superior para a exploração espacial.
Tal elemento que em Prometheus foi tão bem feito quanto eu fazendo uma curva a 150 Km por hora (P.S: Eu não sei dirigir). Só que, será que é possível trabalhar essas duas propostas ao mesmo tempo? Se aprofundar no conceito filosófico da franquia e trazer o medo do primeiro filme?
Ridley Scott, empresta aqui sua ideia rapidinho que você tá fazendo errado
Sem sombra de dúvidas, Ridley Scott é um dos grandes nomes do cinema, só que isso não isenta ele de erros. Tais erros que vimos com clareza em Prometheus e até mesmo outros projetos da sua filmografia. E porque eu estou falando tanto desse filme?
Nele, a principal ideia era expandir o conceito do universo, o que acredite é bom. Temos ali questões sobre a evolução humana, sobre questionar a nossa existência no universo e entender o nosso lugar nele. Ao inserir os “Engenheiros” na mitologia desse universo, essa narrativa agora é expandida para novos lugares.
Justamente por isso, que ao entregar uma apresentação tão ruim e que continua sendo mais desenvolvida em Alien: Covenant, parece que é uma história que se limita ao terror da criatura alienígena.
Só que trazendo um novo olhar para a franquia, agora com referências externas do gênero de terror, mas também entendendo a proposta desse mundo, esses mesmos conceitos são recontados.
Temos aqui, partindo do ponto de simples trabalhadores de mineração e jovens que possuem a ambição de ver um novo mundo, olhar para essa criatura e perceber o quão insignificante seus desejos e medos são. Só que mesmo assim, encontrar ali, através das relações de irmãos, de uma mãe e afins, algo que possa superar esse medo desconhecido.
E para chegar nisso, temos sustos, gritos, sangue e morte que fazem o Xenomorfo ser tão temido. Utilizando até mesmo um elemento que vimos de certa forma na fracassada ressurreição da franquia em seu quarto filme.
Alien: Romulus sabe o filme que ele é, porque entende como desenvolver sua mitologia anteriormente desenvolvida, o que dá uma esperança para o futuro dessa franquia.