Criado no final de década de 1930, o Batman se tornou um dos maiores heróis de todos os tempos, o Cavaleiro das Trevas possuía uma combinação de inteligência e propósito de justiça que desde sua origem cativou gerações, dentre as inúmeras adaptações que o personagem ganhou posteriormente muitas trouxeram diferentes visões do detetive, peculiarmente no filme Batman e Robin de 1997 uma frase é dita pelo personagem Alfred Pennyworth ao conversar com Bruce Wayne sobre o que é o Batman, e as seguintes palavras são ditas: “O que é o Batman senão um esforço para dominar o caos que varre o nosso mundo?”, essa pergunta recheada de sentido define completamente o personagem e o quê ele se tornou ao longo dos anos, um vingador que tenta controlar o caos que há no mundo, ironicamente, essa frase também pode ser usada para dar definição ao seu principal antagonista, afinal, o que é o Coringa senão a personificação do caos no mundo?
Depois de vasculhar o passado do herói que originou o Coringa, é possível entender completamente a relação dos clássicos rivais e entender o cerne dos personagens, mesmo que um antagonize o outro os dois são como duas faces da mesma moeda, como comédia e tragédia, porém após tantos anos dessa relação complexa entre esses personagens e sua popularidade crescendo cada vez mais, não demoraria muito para que eles ganhassem versões cinematográficas acalmadas pela indústria do cinema, sendo a mais intrigante e condecorada das duas, a figura do Coringa, durante as duas últimas décadas duas visões do personagem trouxeram os mais altos prêmios da 7ª arte para os atores que o interpretaram, mesmo se tratando de visões completamente diferentes essas duas versões cativaram a todos, trazendo a tona o costume do público de compará-los e discutir qual dos dois é o melhor Coringa.
Em 2019 o diretor Todd Phillips trouxe uma versão de enorme sucesso para o personagem, Todd lançou o filme Coringa baseado no vilão da DC Comics e inspirado pelos clássicos de Martin Scorsese, no filme acompanhamos Arthur Fleck, um comediante fracassado e portador de grandes problemas mentais, durante o filme sentimos a grande opressão que a cidade de Gotham causa nas pessoas, vemos ruas sujas, pessoas nervosas e em condições nada aceitáveis, toda direção trabalha para que o público sinta o mesmo que Arthur sente, mostrando que a cidade está insatisfeita e pronta para se rebelar, porém ainda sem um “motivo”.
Esse motivo só surge com os primeiros indícios da aparição do Coringa ao assassinar pessoas que possuíam cargos de poder após o agredirem, mas longo no início do filme, percebemos que Arthur não deseja causar mal as pessoas, muito pelo contrário, ele tenta se inserir na sociedade, trabalhando como palhaço e posteriormente tentando seguir a carreira de comediante, mostrando que sua verdadeira intenção era atingir o sucesso, se tornar alguém; ao decorrer do filme, vemos sua loucura aumentar e seus atos causarem cada vez mais alarde e revoltas, mostrando que os únicos atos que ele realiza que chamam a atenção são os atos de violência, enquanto Arthur Fleck que está tentando se inserir na sociedade é ridicularizado, sem verdadeiras intenções e até de forma acidental nós vemos Arthur se transformar no Coringa, alguém que motivaria a população a incendiar a cidade e trazer o caos.
Apesar do grande sucesso, a versão trazida pelo diretor Todd Phillips não foi a primeira a surpreender os fãs do personagem e trazer reconhecimento aos filmes baseados em quadrinhos, em 2008 o diretor Christopher Nolan apresentou ao mundo o icônico filme Batman: O Cavaleiro das Trevas, o longa dava sequência aos acontecimentos de Batman Begins, o filme mostrava uma Gotham City mais esperançosa, com os mafiosos sendo capturados pelo Batman e levados a condenação nos tribunais pelo promotor Harvey Dent, mas tanto o público quanto os personagens do filme não esperavam ser verdadeiramente abalados pelo personagem Coringa, um vilão terrível, que veio para destruir tudo o que Batman, Dent e Gordon haviam conquistado, um personagem que traria medo e terror para a cidade inteira, tendo como único objetivo, acabar com a ordem e ver a cidade queimar, esse personagem peculiar sem origem ou até mesmo um verdadeiro nome, é considerado por muitos um dos maiores vilões da história do cinema, enfrentando tudo que o Batman acredita e defende, o levando para lugares obscuros e corrompendo os incorruptíveis, sendo assim como o próprio personagem se intitula, “uma agente do caos”.
Com esses filmes conseguimos ver duas diferentes versões do personagem: um com nome e outro sem, um com origem outro com um mistério, um enfrentando o Batman e outro o criando, seria mentira dizer que essas são versões desinteressantes do personagem, mas depois de muita análise, é fácil de perceber suas diferenças, enquanto por um lado o Coringa interpretado por Joaquin Phoenix é um homem que busca aceitação, que faz atos terríveis com aqueles que o prejudicam e chegando a causar revoltas pelos próprios cidadãos em uma cidade já a beira do colapso, por outro temos o Coringa interpretado pelo falecido Heath Ledger, um homem cujo caos está correndo por suas veias, podemos ver isso já em sua aparência com enormes cicatrizes e suas milhares de origens diferentes contadas ao longo do filme, alguém que estremece uma cidade que estava perto da paz e batendo de frente com o Cavaleiro das Trevas, no final das contas podemos definir o Coringa interpretado por Joaquin Phoenix como uma faísca em um barril de pólvora prestes a explodir, enquanto o Coringa de Heath Ledger como alguém que trouxe os barris de pólvora, os galões de gasolina e o fósforo para causar uma enorme explosão, se mostrando um verdadeiro agente do caos.