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Zoom em Quadrinhos: Demolidor: Amarelo | Uma Bonita História Sobre um Demolidor que Poucos Conhecem


Durante o começo dos anos 2000 a aclamada dupla por trás de Batman: O Longo Dia das Bruxas e Superman: As Quatro Estações, Jeph Loeb e Tim Sale, fizeram uma memorável passagem na editora Marvel Comics, essa icônica díade dos quadrinhos foi responsável por 4 títulos, Homem-Aranha: Azul, Hulk: Cinza e Capitão América: Branco, mas a primeira dessas interessantes histórias, foi Demolidor: Amarelo.

Quando jovem Matt Murdock sofreu um terrível acidente, que fez com que materiais químicos atingissem seus olhos, o segando, mesmo com esse desastre, Matt conseguiu incríveis habilidades que o permitiam ver o mundo de outras formas, porém seu pai um velho pugilista acabou se envolvendo com criminosos do ramo das apostas, e terminou assassinado, fazendo com que Matt jure vingança e se torne o Demolidor, um habilidoso e temido vigilante que protege as ruas de Nova York, essa foi a origem dada ao personagem em 1964 por Stan Lee e Bill Everett, o que muitos desconhecem é que a aparência demoníaca, devoção religiosa e as icônicas cores rubras do Demolidor surgiram anos após sua criação, na verdade o uniforme de Matt Murdock originalmente possuía detalhes vermelhos, mas era essencialmente amarelo, tornado a escolha de Loeb de escrever sobre essa época algo simplesmente interessante.

A história é contada em 6 edições e é narrado por Matt Murdock através de cartas para Karen Page, recontando a origem do Demolidor e seus primeiros passos como um herói, através disso a narrativa criada por Loeb se torna já em suas primeiras frases cativante, e prende a atenção de qualquer fã do herói, já deixando mas do que claro que essa história é sobre Matt e seu amor por Karen, explorando tanto as primeiras histórias do personagem, como a juventude de Matt e de todos a sua volta, refletindo uma era mais inocente e brilhante dos quadrinhos, tornando a escolha do escritor de não se prender a acontecimentos que definiram o herói posteriormente, algo extremamente louvável, mostrando que essa história é uma verdadeira homenagem ao personagem criado por Stan Lee na década de 1960.

Ao decorrer da história, podemos ver vários embates clássicos das histórias do Demolidor, que servem tanto como homenagem a suas aventuras, quanto uma estratégia a favor da narrativa para enriquecer a jornada de Matt, trazendo situações desafiadoras e discussões interessantes que refletem diretamente as eras das histórias em quadrinhos, felizmente esses conflitos não se resumem apenas em lutas com super-vilões, mas também a conflitos morais e amorosos entre os personagens que não possuem a essência super nas veias, fazendo com que alguns dos momentos mais interessantes dessa história sejam protagonizados por Foggy Nelson e a apaixonante Karen Page.

Talvez o único mas problemático erro dessa história seja a simples falta de um encerramento dramático, isso não torna a jornada menos interessante, ou menos necessária para os leitores de Demolidor, mas torna a jornada de aprendizado que se inicia desde a primeira frase da história um tanto monotônica e um pouco menos importante em Amarelo, se apoiando de mais em alguns fatos ocorridos posteriormente na história do herói, esquecendo-se de um público que não acompanhou todos os detalhes da vida de Murdock, e assim se esquecendo também da conclusão da própria história.

Felizmente, a arte de Tim Sale continua mais uma vez impecável, mantendo seu padrão de qualidade no topo junto com todas as outras obras que já havia trabalhado anteriormente, podendo aplicar sua visão artística sobre o homem sem medo e fazer o leitor se impressionar com sua narrativa perfeita e painéis duplos de cair o queixo, se mostrando completamente alinhado com a visão lúdica e cativante de Jeph Loeb.

Um ponto extremamente importante que deve ser percebido graças a possíveis comparações com outras obras desses artistas, é que diferente da contemporaneidade e velocidade que os quadrinhos sempre possuíram, tratando e lidando com os mais variados e importantes temas do mundo real como: o uso de drogas, preconceito, autoritarismo, etc; parece que esses artistas estão mais interessada em discutir questões essencialmente humanas, como insegurança, dor, perda, saudade e talvez esse seja exatamente o brilhantismo que essa dupla possui e que reflete diretamente em Demolidor: Amarelo, tornando essa jornada (mesmo possuindo momentos falhos), uma história que retratam algumas das mais importantes características da humanidade.

O encadernado Demolidor: Amarelo possui as 6 edições publicadas originalmente em 2002 nos EUA, ele possui 168 páginas em um formato de capa dura de proporções 18,5 x 27,5 cm, além de conter alguns extras como rascunhos e curiosidades sobre o processo de criação da história, ele é vendido por R$ 62,00 pela Panini Comics, mas pode ser encontrado com outros preços em lojas diferentes.