Um dos principais indicados ao Prêmio Eisner de 2018, chegou ao Brasil graças a editora Intrínseca que reuniu as seis primeiras edições desta série encabeçada por Jeff Lemire, Dean Ormston, Dave Stewart em um encadernado. Após lermos esta história e toda a sua grandiosidade e autenticidade vemos porque este quadrinho está cotado como um dos favoritos para a premiação que ocorre ainda este ano na San Diego Comic Con.
Escrita por Jeff Lemire (Soldador Subaquático, Thanos, Condado de Essex), desenhada por Dean Ormston (Corpos, Lúcifer, Juiz Dredd) e colorido por Dave Stewart (Clube da Luta 2, The Shaolin Cowboy), a história se passa dez anos após Abraham Slam, Menina de Ouro, Coronel Weird, Madame Libélula e Barbalien salvarem Spiral City de uma grande ameaça chamada: Anti-Deus, e então foram exilados em uma fazenda na pequena cidade-prisão suspensa no tempo chamada de: Black Hammer. Forçados a levar uma vida pacata e sem suas identidades de super-heróis, ainda permanecem na esperança de saírem de lá, enquanto se indagam: Como eles foram parar ali? Por que não conseguem sair? E o que é esse lugar?
O que aconteceria se uma destas famosas sagas cósmicas dessem errado e seus heróis saíssem de cena? e como eles agiriam em uma situação como essa? Essa é a principal premissa de Black Hammer, que é trabalhada de forma exímia por Jeff Lemire, nos entregando uma história extremamente melancólica, mas que ainda consegue prender a atenção do leitor no decorrer dos acontecimentos e ser uma evidente homenagem aos heróis das principais editoras.
A interação entre os personagens da “equipe” é sublime, personalidades totalmente diferentes tendo que conviver e lidar com seus problemas juntos. As viagens temporais para mostrar a origem dos heróis dão uma dimensão maior do por que eles estão tão depressivos e a motivação de seus atos, isto soma muito na mensagem da história.
Os desenhos de Dean Ormston são realmente dignos de nota, passando claramente a mensagem de que esta não é mais uma história convencional de super-heróis e ainda consegue mostrar perfeitamente os sentimentos dos personagens perante as adversidades, sem contar na transição de quadros que é excelente também. A coloração feita por Dave Stewart é surreal, conseguindo dar um toque ainda mais melancólico as cenas, e ainda uma profundidade maior aos diálogos e situações.
Este é um perfeito caso aonde todos os elementos presentes na obra estão em uma sincronia perfeita para oferecer ao leitor uma experiência arrebatadora, não é à toa que esta obra é um dos principais indicados ao Prêmio Eisner, sendo eles: Melhor Série, Melhor Colorista, Melhor Arte-finalista e compete em grau de igualdade com o favorito deste ano: Tom King pelo seu brilhante trabalho em Senhor Milagre, pelo prêmio de Melhor Roteirista.
Apesar de ser com toda a certeza um dos melhores lançamentos do ano no Brasil, o tratamento dado pela editora Intrínseca para o material é realmente decepcionante, apesar de ser capa cartão, não existe mais nenhum acabamento diferenciado que justifica o preço relativamente abusivo, considerando que o preço deste material se iguala ao preço de um encadernado de capa dura da Panini Comics. Deixando este ponto de lado, Black Hammer emociona demais os leitores, criando um vínculo especial com os personagens e com suas histórias, realmente vale a pena ter na coleção, porém é mais aconselhável esperar por uma promoção.