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Talocan: conheça as inspirações da cidade submersa de Wakanda Forever

Com base em lendas da cultura asteca, o cidade submersa de Talokan, exibe diversos outros detalhes das civilizações mesoamericanas que enchem os olhos

Com base em lendas da cultura asteca, o cidade submersa de Talokan, exibe diversos outros detalhes das civilizações mesoamericanas que enchem os olhos

Cidade submersa de Tolocan em Wakanda Forever / Foto: Comic Book

ATENÇÃO: ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS DE WAKANDA FOREVER. PROSSIGA POR SUA CONTA E RISCO!

A fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel, está nos apresentando diversos personagens em um formato completamente diferente do que foi proposto inicialmente nos quadrinhos. Existem os mais puristas, que não gostam tanto da forma como eles são apresentados, porém é inegável a criatividade que eles têm para reinventá-los.

Em Wakanda Forever, fomos apresentados a dois novos personagens: Riri Williams, a Coração de Ferro, que ganhará uma série própria na Disney+ prevista para 2023, mas sem data definida. Porém, a sua origem não foi tão modificada para o filme.

E temos Namor, o príncipe submarino, que foi apresentado de uma maneira totalmente nova, e muito diferente dos quadrinhos. Dentro do filme, ele foi apresentado como um membro da cultura de Talocan, bastante semelhante à Asteca.

Por que mudar de Atlântida para Talocan?

Tal cidade nunca existiu dentro do universo Marvel, sendo um conceito totalmente novo, realizado somente para o filme. O que Ryan Coogler, diretor do primeiro longa, disse que queria fazer de propósito.

“Houveram muitas representações criativas de Atlântida baseadas no conceito de Platão, o conceito greco-romano de uma cidade afundada no mar. Queríamos que nosso filme existisse ao lado dessas representações, mas fosse diferente”, disse o diretor em entrevista ao Inverse. “Foi realmente por respeito ao público, não queríamos dar a eles algo parecido a outras coisas que vieram antes”, complementa Coogler.

De onde surgiu Talocan?

Mural de Tlālōcān no palácio de Tepantitla no méxico / Foto: Wikipédia

O conceito visto no cinema, veio de uma lenda que é o equivalente ao paraíso pregado pelos cristãos, que é a cidade perdida de Tlālōcān, considerada como um dos treze céus que eram reverenciados pelos povos astecas, conhecido como Mundo Superior.

Não se tem uma origem exata de quando começou essa lenda, o que se sabe é que na cultura asteca, era para essa cidade que iam aqueles que morriam em inundações ou doenças associadas à água, como foi visto no filme.

Isso se deve, ao fato de que na cultura Asteca, o que definia para qual paraíso você seria direcionado, era a forma como você morreria, por isso, os treze céus. Além disso, essa cidade perdida era dita como um “reino de primavera sem fim”.

Semelhanças com o filme

Após realizar esse “aprofundamento” na cultura asteca, podemos ver as semelhanças com o que vimos em Wakanda Forever, e até mesmo um pouco da sua cultura. Não somente isso, mas existem diversos detalhes mostrados ao longo do filme, que são muito interessantes de serem analisados, mesmo com poucos minutos de tela.

Esportes

Durante a visita de Shuri ao mundo submarino de Talocan, podemos ver um local bastante semelhante ao jogo chamado pelos maias de Pok-ta-Pok, ou Pok-a-Tok, e pelos astecas de Tlachtli ou Ullamalizti, sendo uma febre durante essas civilizações mesoamericanas.

Porém, sua origem vem muito antes deles, sendo criada pelos Olmecas, que acabou dominando a região entre 1500 e 400 a.C. e que ajudou na formação de outros povos mesoamericanos que conhecemos.

Mas voltando para o esporte, o objetivo do jogo era relativamente simples: passar uma pequena bola de borracha por um aro vertical feito de pedra, se valendo dos joelhos, cotovelos e quadris. Aquele que era considerado o melhor jogador, podia fazer algumas jogadas com o quadril, onde a bola bate contra o aro e quica para longe.

Simulação de como seria uma partida de Tlachtli / Foto: Don Foca na História

Se o jogo não parece fácil, é porque ele realmente não é. O que podemos chamar de gol, era difícil de sair, demorando horas, às vezes dias para conseguir algum. Como era um jogo bastante violento, os espectadores ficavam na arquibancada vendo quem iria sair vivo daquela disputa.

Regras

Apesar do princípio básico se manter, suas regras sofreram algumas alterações. Em alguns lugares, o jogo deveria ter somente duas pessoas, enquanto em outros, eram entre equipes de até sete jogadores. A bola precisava tocar pelo menos uma vez em cada participante, antes que pudesse ser realizado o passe.

Assim como no basquete, cada equipe possuía o seu aro, que precisava ser defendido dos adversários. A primeira equipe que conseguisse fazer a bola passar pelo aro do adversário, era dita como vencedora.

A animação O Caminho para El Dorado, lançada em 2000 pela Dreamworks, mostra como era o jogo, em uma sequência hilária, mas não menos interessante, que serve de exemplo para como funcionava a dinâmica do jogo.

Cartaz do filme / Foto: Adoro Cinema

Agricultura

Durante a civilização asteca, a agricultura foi sua principal atividade econômica. O que mais surpreende, é que mesmo habitando em regiões tidas atualmente como impossíveis de se cultivar qualquer coisa, eles desenvolveram técnicas agrícolas que fizeram com que essas dificuldades fossem superadas.

Isso também aparece durante o vislumbre que tivemos de Talocan, onde vimos uma das maiores técnicas agrícolas que foram as chinampas. Elas consistiam em “ilhas” artificiais localizadas nos canais do lago Texcoco, construídas com madeira trançada nas quais eram realizados o cultivo de algumas plantas, florestas artificiais, e flores também.

Lago de Xochimilco, no sul do México, e seu sistema de chinampa mais famoso da atualidade / Foto: Provention Web

Economia

Dentro dessas áreas de cultivo era possível extrair mandioca, cacau, algodão, fumo e outros produtos que eram comercializados através de escambos, também conhecidos como um mercado de trocas de produtos entre os comerciantes.

Estas permutas eram realizadas em grandes mercados, como o de Tlatelolco, onde se trocava artesanatos, alimentos, animais, utensílios e ervas medicinais. Mas eles também utilizavam a semente de cacau como uma moeda de troca efetiva para as transações.

Apesar de não termos visto isso com efetividade dentro da continuação de Pantera Negra, podemos ver algumas interações individuais de cultivadores, que podem sugerir esse tipo de comportamento dos habitantes da cidade submersa.

Saudação de Talocan 

O grito de guerra dos guerreiros da cidade submersa, não estavam programados no roteiro de Wakanda Forever, e acabaram sendo introduzidos, para equilibrar as duas nações, e colocá-las em patamar de igualdade.

Segundo os atores Alex Livinalli e Mabel Cadena, que interpretam Attuma e Namora, respectivamente, revelaram que o grito de guerra “¡Líik’ik Talokan!”, que significa “Talocan surge” em portugês, apareceu com a ajuda de um instrutor de idiomas, e deu mais identidade aos guerreiros da cidade submersa.

Com tudo isso, podemos ver o quão cuidadoso foi o design de produção deste filme, principalmente ao apresentar uma nação tão rica, e ao mesmo tempo presta uma linda homenagem às civilizações mesoamericanas. Esperamos que possamos ver mais dessa sociedade em futuros filmes.