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Líder de seita de sexo de Allison Mack é condenado por tráfico sexual

Keith Raniere, o ex-líder de um suposto grupo de autoajuda foi condenado criminalmente nesta quarta-feira (19/06) por acusações que, de acordo com a promotoria, estão intimamente ligadas a uma sociedade secreta de “escravas sexuais” dentro de uma comunidade de seguidores em Nova York.

Um júri em um tribunal federal no Brooklyn levou menos de cinco horas para julgar Keith Raniere culpado de todas as acusações de tráfico sexual. Ele também foi considerado culpado por ter humilhado as vítimas de forma sistemática para obrigá-las a fazer sexo com ele.

Raniere ouviu atentamente, mas não mostrou nenhuma reação visível ao saber do veredicto.

Os promotores disseram aos jurados que alguém conhecido como “Vanguard” (codinome de Raniere dentro do grupo) e reverenciado como “o homem mais inteligente do mundo” entre alguns seguidores era, na verdade, um vigarista assustador que mal conseguia obter notas mínimas para aprovação na faculdade.

A irmandade, às vezes chamada de “The Vow”, foi criada “para satisfazer o desejo do réu por sexo, poder e controle“, disse a promotora, Moira Penza, ao encerrar as discussões.

Entre as alegações mais contundentes contra Raniere, está o fato de que ele tinha algumas mulheres marcadas com suas iniciais e que começou a fazer sexo com uma de suas seguidoras depois dela ter completado 15 anos.

Os promotores disseram que ele tirou uma série de fotos da adolescente nas quais ela aparecia completamente nua. As imagens foram mostradas no julgamento, uma a uma, para as oito mulheres e quatro homens que compunham o júri.

Raniere manteve as imagens pornográficas da menor escondidas em seu pertences como “um troféu” de “sua conquista sexual“, disse Penza.

A defesa argumentou que Raniere acreditava genuinamente em meios não convencionais de auto-aperfeiçoamento e que todos os seus encontros sexuais com as seguidoras femininas de sua organização, chamadas NXIVM (pronuncia-se “neqsium”), eram consensuais.

Seu comportamento pode ser visto como “repulsivo e ofensivo, mas não condenamos pessoas neste país por serem repulsivas ou ofensivas“, disse o advogado Marc Agnifilo em suas alegações finais.

Raniere, de 58 anos, foi preso em um esconderijo no México em 2018, após uma investigação de seu grupo na região de Albany, em Nova Iorque. A organização já teve um público internacional com uma certa presença em Hollywood, mas críticos a acusaram de ser um culto.

Entre os seguidores estavam a atriz de TV Allison Mack, mais conhecida por ser a Chloe Sullivan, da série Smallville, e Clare Bronfman, herdeira da Seagram, gigante de bebidas alcoólicas.

A organização de Raniere começou a desmoronar em meio a relatos impressionantes sobre o “The Vow”, que alegavam que seus membros eram detidos contra sua vontade e marcados a ferro em cerimônias realizadas em uma “casa da irmandade”. Estas cerimônias aconteciam em um cômodo que lembrava uma masmorra.

Mack e Bronfman, que foram indiciadas como réus junto com Raniere na acusação, se declararam culpadas antes que pudessem ir a julgamento com ele.

Como ambas não testemunharam, as principais testemunhas do caso foram um antigo membro do círculo íntimo do líder da seita e três vítimas da irmandade secreta.

A integrante desse círculo descreveu como as “mestras” forçavam as “escravas” a se relacionarem sexualmente com Raniere para que ele não divulgasse os “colaterais” – que são as fotos íntimas e outros materiais que arruinariam a vida das vítimas se fossem divulgados publicamente. A medida também servia para garantir a submissão total das mulheres ao líder do culto. Com medo, muitas não denunciavam.

Uma das vítimas, cujos nomes não foi divulgado para proteger sua privacidade, descreveu um período de confinamento em um quarto por mais de 700 dias sob ordens de Raniere, como punição por demonstrar interesse em outro homem.

Outra explicou como Raniere a atraiu para uma casa, onde ela teve os olhos vedados e foi amarrada a uma mesa para que outra mulher pudesse realizar um ato sexual com ela; e a terceira contou aos jurados que inventou uma desculpa para deixar a comunidade e não ter que executar uma ordem dada pela sua “mestra” – Allison Mack – para “seduzir” Raniere.

Agnifilo, o advogado de defesa, apontou para os jurados textos e outras mensagens entre Raniere e uma mulher do culto, que supostamente indicava a existência de um relacionamento afetuoso entre eles e que acabou “sem ressentimentos“.

O grupo nunca liberou o ‘colateral’ dessas mulheres. Onde está a extorsão?”, ele perguntou.

Mas com as histórias de abuso das vítimas atribuídas a Raniere, Penza disse: “Uma luz foi lançada na escuridão e os crimes do réu foram expostos“.

 

Fonte: Hollywood Reporter