Written by 20:29 Crítica, Criticas, Destaque, Netflix 2017, Séries, Séries | Criticas, Stranger Things 2

Crítica: Stranger Things 2ª Temporada | A espera valeu a pena?

Estreou na última sexta 27 a segunda temporada de Stranger Things, uma das séries originais Netflix de maior sucesso atualmente. Após um primeiro ano de alto nível as expectativas para o segundo não poderiam estar mais altas por parte dos fãs da série. Com uma trama misteriosa e nostálgica a série prometia acentuar ainda mais esses elementos nessa temporada e é exatamente isso que acontece. Ao mesmo tempo em que a série vai revelando seus segredos e os personagens vão desvendando os mistérios ainda não respondidos a trama mergulha ainda mais na escuridão do mundo invertido e fica mais sombria. O clima nostálgico também continua nessa temporada, com mais força nos dois primeiros episódios escritos e dirigidos pelos ótimos irmãos Duffer (não é a toa que os episódios escritos e dirigidos pelos dois são alguns dos melhore dessa temporada) mas que também estão presentes nos seguintes devido a atmosfera semelhante à filmes de terror em que a tensão é crescente e envolve facilmente o espectador. Com destaque também para a trilha sonora que ajuda, assim como na primeira temporada, à criar o clima oitentista da série.

Apesar dessa temporada se focar em fechar o arco em aberto ao fim da 1ª ela consegue desenvolver bem seus personagens (e até seus relacionamentos amorosos) sem se entregar ao drama ou ao romance já que seus personagens são consistentes e carismáticos o bastante para guiar a história nos momentos em que ela necessita também de peso dramático. Isso exceto no sétimo episódio que é dedicado a Eleven (Millie Bobby Brown) onde mais de sua história, fragmentada nos primeiros episódios é explicada e há o preparo para conectá-la a trama principal. O episódio é até interessante e consegue apresentar personagens carismáticos, mas por sair totalmente do estilo dos episódios da série onde vários núcleos são explorados acaba sendo desnecessário, servindo apenas para dar mais tempo de tela à Millie Bobby Brown que fica distanciada da história principal até mais da metade da temporada. Isso é até surpreendente levando em conta o tamanho do sucesso que a atriz fez após a primeira temporada, mas não prejudica a personagem. Na verdade ela até passa a ter mais profundidade aqui, não sendo mais uma criança assustada, mas sim uma garota forte externamente que é sensível emocionalmente e só quer reencontrar seus amigos.

Núcleos inesperados também passam a ser explorados nessa temporada como a divertida interação entre Dustin (Gaten Matarazzo) e Steve (Joe Keery) e o romance entre Lucas (Caleb McLaughlin) e a novata Max (Sadie Sink). Há também aprofundamento de relações antigas que não ganharam tanto enfoque na temporada passada como entre Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton) ou Hopper (David Harbour) e Joyce (Winona Ryder). Como o grande destaque em atuações temos o jovem Noah Schnapp que se entrega muito mais ao papel de Will e mostra seu potencial e também Finn Wolfhard que interpreta muito bem a falta que Mike sente de Eleven mesmo um ano depois do seu desaparecimento.

Como participação especial na série para colaborar com a nostalgia temos Sean Astin (Os Goonies, O Senhor dos Anéis) no papel de Bob, que no início pode parecer um personagem meio bobo, mas consegue despertar empatia no telespectador e ter utilidade na finalização da temporada. Apesar da história ser mais densa e envolvente nessa temporada a série não exige que se preste tanta atenção e não cria diálogos explicativos, ela apenas desenvolve de uma forma prática e sem rodeios, o que pode parecer fácil demais em alguns momentos, mas que na verdade é apenas feito de uma forma tão natural que não prejudica os episódios. Como por exemplo a mescla do Mundo Invertido e de Hawkins que se intensifica mais à cada episódio nessa temporada sem ter que perder tempo em explicações. Assim, o terror e o mistério ganham muito mais espaço com tudo que é digno como tuneis por baixo da terra, monstros que crescem sem controle e pessoas presas em laboratórios com feras à solta. Enfim, a 2ª temporada de Stranger Things é mais do que fez a série se tornar um sucesso de uma forma ainda melhor e sem medo de desenvolver sua trama ao ponto de acharmos que não há mais material para ser explorado, mas com os irmãos Duffer a frente da série é claro que ainda temos muito mais para ver e para aproveitar dessas coisas estranhas.