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Crítica: Paper Girls | Os dilemas da nostalgia, amadurecimento e viagem no tempo

Tendo como base a obra de Brian K. Vaughan, a obra feita na editora Image é uma das principais histórias do autor ao lado de Saga. Nela acompanhamos Tiffany (Camryn Jones), Mac (Sofia Rosinsky), KJ (Fina Strazza) e a novata Erin (Riley Lai Nelet) que são entregadoras de jornais (Paper Girls) e de repente tudo muda no Dia das Bruxas de 1988 quando a cidade é invadida por soldados estranhos do futuro e pessoas de uma organização secreta. Nesse conflito as meninas acabam saltando no tempo e a partir disso… a loucura começa.

E eu decidi iniciar essa crítica com a sinopse da trama, para apresentar inicialmente em como ela já possui diferenças de outras obras atuais com o mesmo tom, dentre elas Stranger Things e o último filme dos Caça-Fantasmas. A questão por trás de Paper Girls é diferente, onde aqui a Nostalgia é revista em um novo formato, e o elemento fantástico também é usado para aumentar o potencial da narrativa.

Como uma história sobre viagem no tempo, temos sempre em mente a ideia de algo envolvendo uma crise mundial ou grandes conspirações, contudo aqui é diferente. Quando as personagens principais encontram suas versões mais velhas, vemos aqui o enfrentamento de algo diferente e que mudou. Os questionamentos sobre o amadurecimento mostram como as coisas mudam e não vemos aqui uma conclusão direta sobre isso, mas o conflito de gerações, de sonhos, crenças e realidades.

A perspectiva de Nostalgia da série não é de saudosismo, mas como revisão da mudança de tempos onde as coisas melhoraram e ainda assim mostram aspectos que precisam melhorar. O apego ao antigo é visto aqui como uma forma de se manter em uma falsa realidade da qual não nos permitimos crescer e mudar, mas também temos essa lembrança da nossa infância e em como as coisas costumavam ser.

Já os elementos fantásticos de ficção científica são absurdos e exagerados, como se fossem de fato uma história contada por crianças, com dinossauros, robôs gigantes e super soldados. O ponto desses elementos se encontra diretamente com a ideia nostálgica que ela se propõe, trazendo esses absurdos que sempre sonhávamos quando criança, que também afeta as versões adultas vendo tudo isso acontecendo. Nos quadrinhos temos esses absurdos muito mais elevados, contudo mesmo com o pouco orçamento da série, vemos que eles souberam usar do pouco que tinham para esses momentos.

E talvez um dos grandes pontos da série são as atrizes que entregam não só carisma de sobra, mas reações palpáveis a todos os acontecimentos que elas enfrentam. Não sendo plásticos, a atuação de cada uma ali é condizente com a situação e suas personalidades e que contrasta positivamente com a versão adulta de cada uma. Os personagens de suporte como Larry ( Nate Corddry) que foi feito originalmente para a série, não se mantém no mesmo nível, mas mesmo assim se entrega para a proposta da trama.

A direção e fotografia da série são simplistas, o que provavelmente se deve ao orçamento oferecido para a produção da série, mas a trama acaba sendo tão convincente e palpável que você se entrega para a proposta e narrativa que ela se propõe. Paper Girls é um acerto que se aproveita do sucesso da nostalgia atual para contar uma nova história que busca ir para o outro lado.