Quando falamos sobre cinebiografias, nos desperta sempre o interesse não somente pelas pessoas envolvidas no projeto, mas também sobre a história daquela figura icônica. E não foi diferente com Elvis, mas quando foi anunciado, muitos questionaram a escolha do elenco e de Austin Butler no papel principal, contudo essas dúvidas agora foram sanadas.
Em Elvis vemos Tom Parker (Tom Hanks) em um leito de hospital próximo da morte, e nesse momento ele começa a se questionar sobre as acusações de que ele foi o responsável pela morte do cantor Elvis (Austin Butler). A partir disso acompanhamos a jornada do cantor, passando por diversos momentos marcantes da história dos EUA e também da sua própria história.
O responsável pelo projeto é ninguém menos que Baz Luhrmann, que aqui possivelmente entrega um dos seus melhores trabalhos. Sendo responsável por obras icônicas do cinema como O Grande Gatsby e Moulin Rouge, o diretor possui experiência quando o quesito é música e também audácia aos mais variados designs de produção. Sua direção possui uma identidade da qual somos capazes de enxergar não somente a lenda do Elvis, mas também em como ele afetava o público no momento em que começava a tocar.
Em encontro a isso, temos também um grande esforço para recriar os figurinos e icônicos cenários que formaram o Elvis, desde as suas roupas e até outros momentos da vida do cantor, como em Hollywood por exemplo. A fotografia de Mandy Walker também impressiona não somente pelas cores, mas em como as luzes ajudam a compor cenários e também ao contar a história, e nesse quesito podemos utilizar para perceber a mudança do cantor ao longo dos anos e suas diversas fases.
Poucas vezes eu pontuei e destaquei a edição de alguns filmes, mas dessa vez o mérito é muito mais que merecido para os editores Matt Villa e Jonathan Redmond que não se prendem a uma edição padrão, mas utilizam de suas habilidades para ampliar a narrativa e também toda a energia que Elvis passava no palco. Desde passagens com edições únicas, até momentos onde revemos as motivações originais do personagem para querer entrar nessa jornada.
Ao olhar para o enredo e seu roteiro, ele poderia se prender ao fato de ser algo simples que contaria somente o essencial e básico, mas Baz Luhrmann e Jeremy Doner utilizam do conto do personagem não somente para contar sua história, mas também para contar a história da música nos EUA. Temos passagens com grandes ícones do Blues como B.B King, até outros nomes como Litte Richard que nos mostram a influência da cultura negra na música e também a segregação que existia nesse período.
Por mais que seja um filme para homenagear o cantor, onde acaba fugindo de alguns momentos polêmicos, ainda temos um personagem com falhas e também sucessos que nos desperta interesse na história dele e também sentimos um grande apego que nos leva até um final emocionante do filme.
Devido ao fato do filme precisar contar a vida do cantor do início até seu fim, ele acaba se tornando extenso e um pouco cansativo em determinado momento, mas independente disso o final ainda lhe acerta em cheio com o impacto que todos envolvidos queriam passar, assim como Austin Butler.
O ator se entrega ao personagem, incorporando os trejeitos e a voz de Elvis e sendo aquele que ilumina o filme a todo momento. Já ao seu lado temos os personagens secundários que servem ao seu propósito e também Tom Hanks que interpreta o agente do cantor, mas acaba sendo em determinado ponto algo negativo por sacrificar parte do destaque de Austin Butler para Tom Hanks.
Em Elvis temos a história de um garoto que encontrou uma forma de ser um super-herói através do blues e do rock, e com isso sempre que subia ao palco encarnava aquele que desperta os instintos mais selvagens de seu público.