A mais nova produção envolvendo os personagens da família mais peculiar dos cinemas chega na Netflix com trama divertida e envolvente, porém recheada de clichês
A estranha Família Addams, criada em 1964 por Charles Addams e David Levy, trouxe para a cultura pop, personagens peculiares tão amados pelo público. Ao longo dos anos, existiram diversas adaptações, e com a mais recente Wandinha lançada diretamente pela Netflix, que foca em um novo aspecto destes seres bizarramente encantadores.
A série idealizada para o formato da Netflix, foi criada por Alfred Gough (Homem-Aranha 2) e Miles Millar (Smallville), e traz novamente os personagens tão queridos dos filmes e animações de volta para as telas, desta vez de forma digna.
Ao longo dos episódios, três diretores ficam com essa responsabilidade, sendo eles: James Marshall (Falling Skies), Gandja Monteiro (Vingança Sabor Cereja) e o diretor que leva o marketing nas costas Tim Burton (O Estranho Mundo de Jack).
A história se centra ao redor da filha mais velha dos Addams: Wandinha, que após ser expulsa da sua última escola, acaba indo parar na escola para excluídos Nunca Mais. Lá dentro, ela precisa se adaptar à rotina de uma escola onde ela não é a única “esquisita”, enquanto desvenda um mistério ao redor da cidade onde está.
A série possui uma premissa divertida, e sabe muito bem para qual público está sendo feita. O mistério também é igualmente envolvente, o que garante um resultado final bastante satisfatório, sem parecer piegas.
Além disso, ao longo dos episódios notamos algumas questões sociais interessantes de serem abordadas, que lembram muito a premissa original dos personagens, principalmente nos filmes. Mas elas são tão rasas, que ficam até difíceis de serem notadas se você não estiver prestando atenção.
E grande parte disto se deve ao uso incansável de diversos clichês de séries teens, usados ao longo de toda a narrativa para fazer a série andar, e ainda mostrar algumas subtramas que não são bem desenvolvidas.
A marca registrada que é a identidade visual do Tim Burton está tão diluída nessa série, que até mesmo em episódios que ele dirige, existe uma dificuldade para encontrar o toque do diretor nas cenas.
Por outro lado, as atuações são magistrais. Ponto de atenção para Jenna Ortega, que até fez aulas de violoncelo, esgrima e outros para interpretar a personagem. Apesar dela já ter feito muitos filmes, ela alcança o estrelato agora com a série. E merecidamente.
O elenco de coadjuvante não está muito atrás, dando um show à parte ao longo dos episódios. Inclusive Catherine Zeta Jones e Luíz Guzmán, que apesar de aparecerem muito pouco na série, conseguem segurar com honra o legado deixado por Angélica Huston e Raúl Juliá, dos filmes antigos.
E por falar em filmes antigos, a presença de Christina Ricci na série traz uma nostalgia muito gostosa. Mas um ponto positivo para a série, é que ela não é somente usada como easter-egg, mas possui aparições constantes ao longo dos episódios.
Com isso, Wandinha tem uma estreia com um saldo ameno, apesar de saber muito bem para quem é direcionada, não consegue explodir a bolha auto-imposta. É uma ótima pedida de maratona, e que venham mais temporadas, pois ainda tem um gancho interessante no final do último episódio.