Recentemente fomos apresentados á mais um longa chamado Alone em 2020, mas dessa vez um suspense estilo road movie, dirigido por John Hyams e estrelado por Jules Willcox.

Alone é um suspense do mesmo diretor da série da Netflix, Black Summer.
A premissa do longa é bem simples, uma jovem mulher viajando por estradas desertas em busca de um recomeço em uma nova cidade. Obviamente este não é um drama, portanto não veremos reflexões ao longo de belas paisagens, mas sim muita perseguição.
A perseguição começa a partir do momento em que a protagonista encontra uma camionete (um jeep cherokee pra ser bem exato) em seu caminho. A partir daí ela passa a ser perseguida constantemente pelo homem que dirige o jeep, pelo menos nos primeiros 30 minutos do longa.
Os primeiros minutos do longa são muito interessantes, ainda que mais lentos, por nos apresentar á Jessica (personagem de Jules Willcox, muito bem interpretada pela atriz) e o que ela vem passando, que a levou á se mudar para tão longe em busca de um novo começo na vida.
Jessica dirige por belas paisagens, dando um destaque aqui para o diretor de arte do longa que orna muito bem ambientação e fotografia, tanto nos momentos na estrada quanto nos momentos no bosque.
Fazendo com que a fotografia faça parte do suspense, o diretor usa bons enquadramentos da protagonista tanto dentro do carro (enquanto ela ainda só suspeita do antagonista), ou mais tarde dentro da cabana (quando já está sequestrada), e até mesmo na floresta (quando já está fugindo do psicopata).
A filmagem e direção é tão interessante que te transporta para dentro da tela mesmo possuindo uma trama relativamente simples e com vários clichês do gênero, afinal já vimos diversos road movies antes onde a protagonista é perseguida por um vilão (“A Morte Pede Carona” é um exemplo disso).
Mas não se engane pois o filme possui uma identidade muito própria que acaba por não se assemelhar á outros filmes desse estilo, nem mesmo ao que citei acima.

Jules Willcox em cena do filme.
O que eu gostei em Jessica é que ela já desconfia do homem logo de cara. Ela não é aquela moça que se põe em risco o tempo todo, dando aquele famoso benefício da dúvida ao vilão.
Por mais que ele a sequestre mais tarde (isso não é spoiler pois é a premissa base do longa, já descrito inclusive na sinopse), ela não fica se expondo ao perigo, sempre que pode foge do mesmo e não o ajuda quando ele tenta emboscá-la.
Depois da protagonista já sequestrada e estando em outro ambiente, o longa deixa de ser um road movie padrão e se torna um suspense de roer as unhas. A partir do segundo ato ela precisa escapar das mãos de seu sequestrador, que é claramente um psicopata.
E convenhamos que é sempre interessante vermos uma personagem forte lutando contra um agressor. E o cara aqui é um agressor da pior espécie, frio e calculista que não mede esforços para caçar sua vítima. Até a voz dele é irritante e ao mesmo tempo amedrontadora, tipo um Mick Taylor (psicopata dos filmes e da série “Wolf Creek”).
O filme é um verdadeiro jogo de caça, onde não há outra opção para a protagonista, a não ser lutar e matar ou morrer. Fica claro desde o início que o objetivo de seu agressor não é deixá-la viva, portanto ela precisa lutar por sua vida.
E é lutando por sua vida que ela nos leva até o objetivo principal do roteiro, que é te deixar aflito e pulando da poltrona. Eu particularmente fiquei muito aflito, e tomei um bom susto em determinada cena.
Além de que eu fiz algo que não fazia á muito tempo vendo um filme do gênero, conversei com a protagonista. Sim, eu entrei na tela e disse pra ela o que fazer sentadinho no meu sofá. “Corre”, “se esconde aí”, frases desse tipo que falamos como se a mocinha pudesse nos ouvir.
Como filme de suspense ele funciona muito bem, possui muita tensão e te faz ficar atento á cada detalhe de sua trama, torcendo para que Jessica vença o psicopata no final.
Falando em final, senti que o filme perdeu um pouquinho da força no terceiro ato mas pouco antes de terminar ele recupera o fôlego e entrega um fim satisfatório dentro de sua proposta.
Alone, possui bom ritmo e faz com que você se importe com a personagem principal e apesar de alguns clichês e burrices típicas do gênero, nada disso compromete a experiência, que é muito boa. Marc Menchaca está impecável como assassino em um filme onde boas atuações completam á obra, que é divertido e tenso na medida certa.
No momento o filme ainda não foi lançado no Brasil, e está disponível apenas na internet, já que ainda não se encontra em nenhuma plataforma de streaming, mas acredito que alguma empresa deva comprar os direitos de exibição em breve. Enquanto isso eu recomendo que você corra para assisti-lo o quanto antes.

Ainda não disponível no Brasil, o filme pode ser encontrado apenas na internet atualmente.