Raio Negro, a nova série da DC Comics baseada no personagem homônimo acaba de estrear. A série gira em torno do diretor de escola Jeff Pierce (Cress Williams) que cuida de suas duas filhas e que no passado, atuou como o herói Raio Negro protegendo a cidade de Free Land, que hoje se encontra dominada pelo crime e ameaçada pela gangue conhecida como Os 100. O primeiro episódio da série já é muito empolgante e faz jus ao seu nome (A Ressurreição) mostrando a jornada de Jeff no dia a dia que o leva a retomar seu posto na luta contra o crime. Pessoalmente, devo dizer que as comparações com a animação do Super Choque foram inevitáveis, o que me fez além de apreciar o episódio ter um leve sentimento de nostalgia enquanto o assistia. Logo nos primeiros minutos do piloto da série somos incluídos á uma realidade cruel e violenta, da qual inclusive não é muito difícil de se relacionar ao mundo atual, tanto na própria questão da criminalidade quanto a tensão racial que ainda permeia os mais diferentes níveis da sociedade. Sendo que essa última já é muito bem apresentada no começo do episódio com uma abordagem violenta de um homem negro feita por policiais brancos, uma cena tensa e dramática que só carecia de uma atuação um pouco mais inspirada de Cress Williams para ser perfeitamente executada, isso porque o ator ainda parece inseguro em seu papel em alguns momentos no geral conseguindo trazer o peso que seu personagem pede, sem grandes problemas, mas também sem grandes triunfos.
A série também mostra um diferencial quando se propõe a se relacionar com os jovens, como é habitual da CW, mas de uma forma diferente, mostrando a criminalidade á que todos eles estão expostos diariamente em Free Land, o que faz com que sejam mostrados tanto personagens que se levantam contra esta violência como as personagens de China Anne McClain e Nafessa Williams, quanto personagens que se rendaram a ela como Will (Dabier Snell), sem condenar ou glorificar nenhum dos lados, mostrando o quanto cada um dos lados é igual mesmo habitando extremos opostos. Pois ambos vivem sob constante pressão de algo maior, seja este “algo maior” a obrigação de ser um aluno exemplar ou a obrigação de pagar o chefe da gangue. Ambos os lados levam ao mesmo meio neste episódio, a ressurreição de Raio Negro, que vendo seu “contrato” de paz com as gangues da cidade ameaçado e suas filhas em uma situação de perigo extremo é obrigado a agir. E é nestes momentos que Jeff parece se encontrar no episódio, mostrando que ele não é apenas um homem que luta contra o crime, mas também alguém que sabe onde nasce esse crime e que sabe que deve agir também como conselheiro dos jovens que, condenados pela sociedade, encontram refugio no crime.
Já tecnicamente a série consegue evocar um tom sombrio por sua fotografia que evidencia em sua maioria o tom azul, o que favorece o personagem Raio Negro. Inclusive, sobre as cenas de ação, a série até consegue agradar com boas coreografias que são complementadas por uma trilha empolgante, mas que é prejudica por um roteiro que não consegue ser tão forte quanto a cena em si, apelando então para o humor, o que na verdade, não decepciona e consegue ser bem melhor do que qualquer frase de efeito que pudesse ser usada. Há também sequencias -não necessariamente de ação- que conseguem ser muito bem executadas como momentos em que uma mesma cena se estende um pouco mais do que o habitual sem cortes, e nas que não são tão boas assim há sempre a trilha sonora que imerge ainda mais o expectador na atmosfera da série.
No geral, Raio Negro diverte ao mesmo tempo em que toca em feridas nada agradáveis, mas que merecem espaço para serem discutidas, isso com músicas que casam bem com a produção, um roteiro que sabe usar temas sérios para fazer a habitual aventura do herói ser instigante e que ainda deixa ganchos para que a série tenha pontos importantes para serem desenvolvidos no futuro.
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