Visão nos trás uma história aonde o Vingador constrói uma família com base nos seus padrões cerebrais para tentar se tornar mais humano e viver uma vida normal em um subúrbio da América, a questão que fica é: até onde o normal se torna uma obsessão? O roteiro é básico e não exige muito do leitor, porém a experiência de leitura é realmente única.
Tom King (Xerife da Babilônia, Senhor Milagre), é um dos roteiristas mais respeitados no meio dos quadrinhos atualmente, apesar de suas obras serem muito recentes, não deixa os leitores ávidos por uma leitura instigante e desafiadora na mão. A arte de Gabriel Hernandez Walta (Magneto, X-force) acompanha de forma exímia o ritmo da história o que trás uma imersão ainda maior do leitor na narrativa.
O run de King com o personagem é algo realmente inovador para os padrões do herói que é constantemente apresentado como um robô que tenta se encaixar desesperadamente nos padrões humanos e essa ideia é jogada impiedosamente contra ele.
As aventuras super-heroicas são deixadas em segundo plano para dar espaço aos problemas rotineiros e humanos que o personagem enfrenta todos os dias com a sua família, construindo um terror suburbano de primeira classe, transformando um simples ato de ir a uma aula, ou simplesmente visitar um vizinho como algo aterrorizante e extremamente tenso, o que leva a programação dos sintozoides ao colapso. Sem contar que estes mesmos atos sob o olhar deles se tornam fúteis e irrelevantes, uma perspectiva realmente muito interessante do nosso cotidiano, que em sua simplicidade é extremamente complexa e não damos o devido valor a isso.
Roteiristas preferenciam personagens desconhecidos pelos fãs justamente por causa da liberdade para testar novos métodos de narrativa, Tom King usa e abusa deste ás na manga neste primeiro encadernado que chega agora para venda pela Panini Comics, em capa cartonada e reúne as edições de #01-06, realmente vale muito o investimento, ainda mais nesta época de quadrinhos super inflacionados.