Desesperados para emplacar uma fórmula de sucesso, talvez o segredo não esteja em nenhum outro estúdio, mas em seu próprio “quintal”
Historicamente, a DC Comics e a Marvel Comics sempre foram rivais. Isso se deve a ambos terem a mesma proposta, e até histórias parecidas. Esse cenário se manteve por muitos anos, até que um acontecimento mudou tudo.
Em 30 de abril de 2008, era lançado nos cinemas Homem de Ferro, que seria o primeiro filme de um projeto ambicioso de um único universo compartilhado de filmes (que estivessem com os diretos na Marvel), em que todos eles seguissem somente uma linha narrativa.

Essa empreitada foi encabeçada por um dos produtores dos primeiros filmes dos mutantes: Kevin Feige, que até então, ninguém dava muita importância. E foi somente alguns anos mais tarde, que um evento consolidaria de vez essa proposta como um sucesso inquestionável.
Ele aconteceu em 27 de abril de 2012, com o lançamento de Os Vingadores – The Avengers, que lotou as salas de cinema, juntando todos os heróis apresentados por aquele universo até então, em somente um único filme, com uma aventura épica.
Essa brincadeira rendeu ao estúdio US$ 1.519 bilhão de dólares, e consolidou a Marvel como uma das marcas mais valiosas da cultura pop atualmente, avaliada no valor de US$ 50 bilhões pela Forbes.
Mas onde a DC entra nisso tudo? Nessa mesma época, a DC estava lançando Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, fechando a trilogia do Homem-Morcego encabeçada pelo Christopher Nolan (O Grande Truque). Este longa arrecadou US$ 1.005 bilhão, mas ainda não era exatamente o sucesso que a Warner queria.
Desesperados por ver o sucesso que a Marvel tinha nas mãos, considerando que tinha uma marca cuja proposta era semelhante, correram rapidamente atrás de alguém que fizesse um universo compartilhado razoavelmente coeso.
Eis que a esperança surgiu no horizonte: um filme do Superman, encabeçado pelo “Visionário” Zack Snyder. Esse longa prometia abrir as portas de um universo compartilhado planejado pelo diretor, com um tom totalmente diferente da Marvel Studios.
Foi então que em 12 de junho de 2013, o polêmico Homem de Aço foi lançado nos cinemas, arrecadando somente US$ 668,045 milhões. Foi assim que o DCEU começou, com mais tropeços e erros, do que obras que podemos falar que são verdadeiramente boas.

Onde as animações entram?
Em sua ânsia por procurar uma fórmula de sucesso, os executivos acabaram se esquecendo de olhar para uma pequena parte do estúdio, que continuava produzindo seus projetos, e que geralmente agradava grande parte do público: a Warner Bros Animation.
Mas vamos voltar novamente no tempo, mais precisamente para 25 de dezembro de 1993, com o lançamento de Batman: A Máscara do Fantasma, que foi o primeiro filme animado produzido pelo estúdio, e que apesar do retorno fraco de bilheteria no cinema, teve um ótimo rendimento nas locadoras, e até hoje está no coração de muitos fãs.

Depois disso, o estúdio não parou de lançar novas animações, que em sua esmagadora maioria, conseguiam ser bem melhores do que os próprios filmes lançados nos cinemas. Inclusive de um certo policial espacial esmeralda.
O retorno positivo dos fãs era tão grande, que em 30 de julho de 2013, foi lançado Liga da Justiça: Ponto de Ignição, que limparia toda a cronologia das animações até então, para que em 04 de fevereiro de 2014, Liga da Justiça: Guerra, chegasse aos fãs, com a proposta de um universo compartilhado entre as animações.

O pretenso Universo Estendido de Animações da DC
Apesar de ter se perdido muitas vezes ao longo do caminho, as animações da DC sempre mantiveram fiéis, dentro do possível, a proposta dos quadrinhos.
Um exemplo disso é o Superman. Apesar do personagem ter sido mal utilizado pela Warner nos últimos anos, ele sempre manteve seu conceito de esperança e inspiração muito bem calibrados nas animações.
Exceto o Batman, que foi espremido mais do que um limão, resultando em animações questionáveis, que precariamente se conectavam com o quadro geral das animações. Geralmente ele servia como um fio de ligação entre as produções, mas era tão ruim, que somente sobrava na trama.
Entretanto, esse universo durou até 5 de maio de 2020, com o lançamento de Liga da Justiça Sombria: Guerra de Apokolips, que encerrava as histórias, e limpava todo o tabuleiro para uma nova cronologia que começou em 23 de agosto de 2020, com o lançamento de Superman: O Homem do Amanhã.

O que a DC pode aprender com as animações?
O David Zaslav, em diversas entrevistas, e até mesmo anúncios para investidores, sempre falou que gostaria de investir em filmes da Trindade. Para que isso dê certo é preciso que os personagens sejam fiéis às suas propostas originais. Talvez esse seja o grande segredo da Marvel: eles não têm medo de explorar o clichê, e o absurdo que é o universo dos super-heróis.
Não estou dizendo que os diretores que acreditam em um tom mais realista estejam errado, somente que existem outras formas de se ver um personagem, e principalmente mais vendáveis.
As animações não tem medo de explorar estes conceitos, dando o seu toque pessoal nos personagens, conseguem contar uma história cativante e que agrade todos os públicos, em sua proposta simples, mas eficaz.
Obviamente que a cobrança de uma animação, jamais será a mesma que um blockbuster. Porém acredito que a melhor saída para o DCEU, seria apostar em personagens mais conhecidos, e não ter medo de explorar os seus verdadeiros propósitos: inspirar as pessoas.
Para concluirmos, se Zaslav decidir realmente reiniciar toda a cronologia do DCEU, ele deve olhar para o seu próprio quintal, ao invés de outros estúdios, e nele mesmo, encontrar a fórmula que ele tanto precisa para ressuscitar esse universo que ainda tem tanto para oferecer.