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Crítica: The Mist 1ª Temporada | Mesmo com erros, série cativa e surpreende o espectador

Atualmente, muitas das séries que fazem sucesso se construíram com personagens ambíguos, nem totalmente bons, nem totalmente maus, como Game of Thrones e The Walking Dead. Nestas séries os personagens são moldados conforme a situação em que se encontram, e esse elemento está presente também em The Mist, série baseada no livro homônimo de Stephen King. Mesmo não tendo uma trama fiel a obra original a série consegue desconstruir psicologicamente os personagens em seus 10 episódios, algo bem típico do autor do conto original. Mesmo tendo suas falhas, como alguns personagens estereotipados de produções do gênero.

A trama gira em torno da pequena cidade de Bridgton, no Maine, que é envolvida por um nevoeiro que acaba se mostrando muito mais perigoso do que aparenta. Em nenhum momento se comprometendo a ser fiel ao livro, a série aborda questões muito atuais, como o que pode ser ensinado nas escolas (no caso, educação sexual), aceitação do homossexualismo por parte da sociedade e até estupro, mesmo não deixando estes temas em foco já que o principal elemento da trama é o misterioso nevoeiro. Inicialmente alguns personagens principais da trama se mostram fracos como o casal formado por Kevin (Morgan Spector) e Eve (Alyssa Sutherland) que frequentemente discorda na criação da filha, Alex (Gus Birney), mas com o prosseguimento da história eles acabam se desenvolvendo melhor.

Não há nenhum grande destaque em atuações, por isso o apego aos personagens fica mais por conta do roteiro que os põem em arriscadas situações. E em questão de antagonismo apenas dois personagens se sobressaem: Adrian (Russell Posner) e Nathalie (Frances Conroy), ambos acabam fazendo coisas ruins devido a insanidade. No núcleo do shopping também há alguns indivíduos perigosos, mas nenhum tão marcante.

E mesmo podendo abrir espaço para mais aprofundamento dos personagens presentes nos principais núcleos da série (shopping, igreja e o grupo de Kevin que está sempre mudando de lugar) ela se perde em algumas tramas desnecessárias como a de Mia (Danica Curcic) e de Bryan Hunt (Okezie Morro). O nevoeiro também acaba perdendo um pouco do seu tom ameaçador já que ele só se mostra perigoso quando conveniente para o roteiro, tirando os acontecimentos do episódio final.

A trilha sonora da série, apesar de simples se mostra como um bom adicional para a ambientação sombria e claustrofóbica. E falando nisso, a fotografia da série também ajuda muito a assustar nos ambientes fechados em que a história se passa.

Sendo melhor do que eu esperava e não tão boa quanto poderia ser, esse é um bom início para a série que mesmo com seus erros, consegue cativar e surpreender o espectador em alguns momentos. Sem ficar arrastada e chata em seus 10 episódios a série passa o tom certo para uma adaptação televisiva baseada em um conto de Stephen King, não repetindo os mesmos erros de Under the Dome e ainda deixa pontas soltas para uma segunda temporada, abrindo possibilidades para que a série possa melhorar e surpreender cada vez mais os amantes do gênero. Todos os 10 episódios da primeira temporada de The Mist já estão disponíveis no catálogo da Netflix.