Spencer foi um filme aguardado pelo público pois após a série The Crown da Netflix, todos ficaram curiosos por conhecer mais da vida da Princesa Diana. Além disso também esperavam ver a atuação de Kirsten Stewart e mais uma biografia contada pelo diretor Pablo Larrain (Jackie).
Em Spencer nós acompanhamos a Princesa Diana através de um natal com a família real e seus filhos. Através disso vemos um pouco dos seus pensamentos perante a família e em como ela precisa lidar com as tradições da coroa.
Desde o início o principal ponto do filme não é em ser uma biografia detalhada da vida da princesa, mas sim uma fábula contado um momento dela. O tom lírico adotado pelo filme e trazendo a figura histórica de Ana Bolena casa com a narrativa abordada. Assim como em Jackie, o diretor Pablo Larrain utiliza de artifícios clássicos da literatura e do próprio cinema para contar uma história única e singular.
Vemos do ponto de vista de Diana as tradições e obrigações da família real, que por muitas vezes buscamos entender do ponto de vista do espectador, mas então percebemos o quão errado aquilo é. A condução da história consegue se manter firme e não se tornar cansativa, até o ponto onde se sente um certo desgaste mas ao perceber isso o filme se encerra sabendo o seu tempo.
A direção do filme assim como a fotografia de Claire Mathon trazem um tom único para essa história. Aqui a condução do filme sabe se diferenciar e trazer diferentes momentos e sentimentos, onde mistura momentos de sustos, delírios, dramas e tensões de forma com que cada ponto da trama seja exaltado. Sua fotografia é utilizada de forma que influencie e esteja presente a todo momento no filme contrastado com suas emoções e com cenários e cenas que certamente serviriam para estampar um quadro.
Todos os atores que orbitam em volta de Diana entregam com maestria seus papéis, seja com um ar misterioso como o da Rainha, ou amigável como os empregados da casa que estão ao lado dela, mas Kirsten Stewart incorpora não somente com precisão, mas sentimentos a figura que era Diana. Vemos seus tiques, seu sotaque e modo de falar sendo espelhados por Kirsten e também servindo como ponte para momentos dos quais nunca vemos na vida da princesa.
Os questionamentos trazidos pelo filme sobre tradição, família, sentimentos e a perda da essência pessoal são pontos que fazem o filme ganhar novos graus de experiência ao assistir. Certas vezes no cinema surge filmes dos quais pensamos que cada cena foi pensada com cuidado, e que nos traz uma energia única que só ele pode conceder, e Spencer é sem dúvidas um deles.
