O Homem do Norte pode ser considerado o projeto mais audacioso do diretor Robert Eggers. Trazendo a lenda de Amleth para o cinemas, ele conta a história de um príncipe que busca vingança pela morte dos pais nas mãos do tio, sendo uma das histórias de origem do tema vingança na literatura. Sendo inspiração para as obras de Shakespeare, O Rei Leão e entre outras, vemos aqui o conto nórdico voltando para as telas.
O diretor se junta ao roteirista Sjón para trazer um épico nórdico para as telas, da qual o mesmo disse estar com medo da repercussão do público, por ser o seu projeto mais audacioso. Entretanto a ideia seguiu adiante e agora temos essa história sendo trazida para nós.
O épico histórico de Eggers
Robert Eggers que dirigiu filmes como A Bruxa e O Farol, ficou conhecido pela sua meticulosidade ao produzir seus filmes. Desde roupas e cenários fieis a época, até a própria construção de armas e itens para seus filmes. E aqui não é diferente, criando também um épico histórico que traz toda a carga da cultura nórdica e celta para as telas. Temos cenários grandiosos filmados na Irlanda do Norte, até outros locais construídos para passar a imersão da época junto com suas armas e roupas.
E isso também se deve a composição de Robin Carolan e Sebastian Gainsborough que entregam todo o peso das músicas e trilhas que nos trazem o calor da batalha e o temor da morte. Toda a produção do filme é feita para acertar precisamente nos mínimos detalhes, se esforçando o máximo possível para trazer um conto que mistura a fantasia com seu teor histórico.
E a direção em momento algum se rebaixa perante todos os pontos positivos citados anteriormente. Temos uma condução dinâmica do diretor Robert Eggers que consegue conduzir bem suas cenas de ação, e também usar da sua criatividade para criar cenas que nos enchem os olhos com adrenalina e sangue.
Seu enredo acaba em alguns momentos tendo problemas de se manter em um ritmo fixo, devido ao fato de criar pequenas pausas nesses momentos de adrenalina para desenvolver a história. Contudo o saldo permanece positivo ao início de cada capítulo do filme, termos um momento que define aquela parte.
Uma história além da violência
O elenco principal se entrega ao filme, deixando se levar e se juntando a esse conto com atuações que se conciliam com toda a história. Alexander Skarsgård no papel de Amleth entrega um protagonista com nuances e peso emocional o suficiente para nos apegarmos e sentirmos suas emoções, ao lado de Anya Taylor-Joy que brilha mesmo não sendo o centro da trama. Já o elenco de suporte como Nicole Kidman, Claes Bang, Ethan Hawke e os demais entregam atuações que condizem com seu tempo de carreira, fazendo cada um ali se tornar a personificação dos seus personagens.
Por mais que seu enredo possua falhas em sua condução, ele entrega algo que vai além de um simples conto de vingança. Ele questiona a própria jornada do herói, e também nos faz pensar sobre como devemos lidar com as marcas que o passado nos deixou. As escolhas que o protagonista faz, não são as de um herói, assim como as do antagonista não são de um vilão propriamente dito. O questionamento dos problemas das tradições e o mal criado através das gerações se torna um expoente que conduz através de guerra e sangue, uma poesia em seu roteiro capaz de nos fazer questionar problemas atuais da nossa própria geração.
Utilizando da mística nórdica muitas vezes como alusão ao destino, e também trazendo uma certa magia que não se revela totalmente como tal, algo já utilizado pelo diretor nos seus outros filmes, temos aqui um trabalho notável de Robert Eggers.
O Homem do Norte é um blockbuster que funciona e foge do padrão apresentando uma visão única de um grande contador de histórias. Apesar de algumas falhas pontuais, temos aqui uma história banhada em sangue, onde quando ele acaba, vemos atrás de dessa violência uma poesia nórdica sobre os dias atuais.
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