Written by 01:22 Crítica, Criticas, Filmes | Criticas, Jogador Nº 1, Steven Spielberg, Steven Spielberg

Crítica: Jogador Número Um | Quanto mais referências, mais diversão

Tantas referências que até o Capitão não aguentou

Não é novidade que o espectador de cinema gosta de ver referências a seu acervo cultural particular nos filmes que assiste. O prazer em perceber que um diretor de cinema consagrado tem as mesmas referências que você só pode ser comparada a descobrir que sua namorada gosta das mesmas comidas ou que quer viajar para os mesmos lugares que você. É uma lágrima de felicidade para cada referência apresentada e, em Jogador Número Um, se esta máxima fosse literal, o cinema ficaria uma cachoeira. Steven Spielberg (dispensa apresentações) atirou pra todos os lados e acertou em cheio na veia da nostalgia dos espectadores, fazendo um filme SOBRE “easter eggs” e colocando O TEMPO TODO em tela os heróis de várias gerações, ele executou um filme cuja experiência depende mais da cultura prévia do expectador do que da ação em si. Não que a história não seja boa: o roteiro primoroso de Zak Penn tem ótimos diálogos, bons “McGuffins”, ótimos “foreshadowings” e, se tudo que vemos em tela estava no roteiro literário, olha… PARABÉNS!

Spielberg também fez jus a seu melhor amigo e outro diretor “top seller” de cinema, James Cameron, e tirou o máximo que poderia dos mais recentes avanços em captura de movimento, modelagem e texturização 3D e optou em fazer uma divisão 50%/50% entre o real e o virtual que, de tão perfeito, até chega a nos enganar no segundo ponto de virada do filme. A fotografia conseguiu uniformizar os dois ambientes, tornando tudo muito coerente e o futurismo escondido no clima aventuresco é extraordinário, inclusive nos deixando uma boa lição de moral no fim do filme. A montagem nos dá o ritmo certo, apesar de parecer bastante tradicional. Aliás, é a parte técnica do filme que menos nos apresenta novidades, pra não dizer que não apresenta nenhuma, mas ambienta todos os “easter eggs” do filme em um ritmo de videoclipe condizente com as épocas dos presentinhos.

Aliás, muito mais divertido do que a técnica do filme é, mesmo, brincar de caçador de referências e, quanto mais você conhece de cultura pop, cinema, quadrinhos, desenhos animados e videogame da década de 1970 pra cá, mais você se diverte. Pra todos os cantos da tela que você olha, você acha algo: objetos de arte, como pôsteres, enfeites, propagandas, músicas, ítens do jogo, avatares (o que mais tem é isso), sem contar diálogos com referências diretas e escancaradas ou indiretas e mais sutis e momentos do filme em que algum elemento de cultura pop é tão importante, que representa o que a trama precisa para seguir em frente. Tudo para o deleite do espectador. Destaque para o nome do vilão ser Nolan e ele ser usado o tempo todo, no filme, para explicar as coisas: HILÁRIO!

Spielberg, depois de muito tempo se concentrando em apenas produzir filmes ou dirigir filmes considerados mais “de arte”, mais uma vez acerta em cheio num blockbuster, que vai te levar diversas vezes ao cinema. Eu, mesmo, já vi duas vezes e morro de vontade de ver mais umas dez! Haja dinheiro no bolso!

Você quer, mesmo, se eu diga se vale a pena?

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