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Crítica: Era uma vez um Gênio | O retrato da solidão adulta aos olhos de contos fantásticos

Era uma vez um Gênio é o mais novo filme de George Miller, tendo Tilda Swinton e Idris Elba como protagonistas. Contudo, o real nome que torna essa história confusa, é o do seu diretor. Tendo passado por histórias sobre um porquinho atrapalhado, pinguins dançarinos e a furiosa sobrevivência no fim do mundo, podemos considerar ele alguém singular. Nas primeiras revelações sobre a trama do filme, podíamos ver uma história focada no amor, mas também com tons psicodélicos. E vendo essa trama nos cinemas, vemos que George Miller nos surpreende mais uma vez.

A história acompanha a acadêmica Alithea (Tilda Swinton) que encontra uma garrafa estranha em uma de suas viagens. Quando ela abre a garrafa, acaba liberando acidentalmente o Gênio (Idris Elba) que estava aprisionado nela. Buscando sua liberdade, o Gênio precisa realizar os três desejos de Alithea, entretanto ela tem suas dúvidas sobre a peculiar figura sobrenatural. E com isso acompanhamos o Gênio buscando convencer Alithea através de suas histórias.

E de fato são as histórias que movimentam toda a trama. Com o enredo tendo uma construção dividida em contos, vemos diferentes histórias que formaram a vida do gênio. A surpresa fica para a personagem de Tilda que estuda a influência de histórias na humanidade, e complementa cada conto de forma da qual não nos percamos nela. Cada história é singular, tendo elementos do Oriente Médio mas sempre com o mesmo tema, o amor. Esse é o sentimento que permeia toda a produção, e que de fato nos transmite a mensagem da qual Miller deseja passar.

Ao lado desses contos, a direção e efeitos especiais contribuem para criarem incríveis composições. Existem alguns momentos onde há um exagero nos efeitos, e a estilização se supera, mas como um todo temos diversas composições que tornam essa jornada mais interessante.

Mas além do amor, temos o contraponto desse sentimento, a solidão. Através da perspectiva adulta exploramos o amor, e em como ele pode nos influenciar, desde traições, desesperança e até mesmo ganancia. E ao lado disso vemos a solidão sendo retratada através da personagem Tilda Swinton, da qual em comparação ao Gênio, nunca teve de fato uma vida rica em histórias. Sem aventuras, amores ou riscos, uma vida de fato humana.

E ao encontrar o épico através do Gênio, vemos como isso de fato nos afeta, em seus lados positivos e negativos. A humanidade se torna o real protagonista da trama, o que nos faz refletir sobre quem nós somos além dessas épicas histórias que podemos contar. Contudo, tendo esse contato pessoal com o filme, não dá pra negar que ele possui uma narrativa travada e lenta. Uma trilha sonora pouco inspirada também prejudica a experiência, não nos colocando imersos naquelas histórias.

Apesar de tudo, ainda é interessante ver em como George Miller é capaz de transacionar entre os gêneros. A trama é tocante e a dupla de atores consegue manter firme a narrativa o máximo que conseguem, mas ainda há um problema no ritmo por trás desses contos. O amor e solidão caminham lado a lado, e através de Era uma vez um Gênio, podemos ver o retrato desses sentimentos em contos adultos.