Como é de conhecimento de muitos, esta nova era de filmes da DC tem como principal referência a fase dos Novos 52, vide as formações das equipes: Liga da Justiça e Esquadrão Suicida, sem contar a história de origem do Superman, cuja qual tem muitos elementos da fase, Shazam não é diferente. No trailer lançado hoje na SDCC, a história aparenta ser semelhante a esta origem nos quadrinhos o que se torna uma leitura essencial para quem quer saber mais sobre o personagem.

A história de criação do personagem na indústria de quadrinhos é ligada diretamente com o aparecimento do Superman, que causou um estrondoso sucesso de vendas e ainda uma sequência de diversos títulos, apesar de nenhum rivalizar diretamente com ele como o Capitão Marvel, vulgarmente conhecido como: Shazam. Criado por Bill Parker e C.C. Beck, sua primeira aparição foi na edição de número 2 da extinta Whiz Comics, publicado pela Fawcett Comics em 1940 e aonde basicamente um jornaleiro órfão chamado Billy Batson ao pronunciar a palavra mágica “Shazam!”, se transformava no poderoso Capitão Marvel. No Brasil, o herói estreou em 1940, na extinta Gibi Mensal, revista que emplacou o formato comic book no país.

A história fez sucesso justamente por ter os elementos que faziam sucesso na época: um mago egípcio chamado Shazam, que escolheu Billy para ser seu campeão na terra, mistério e o relâmpago quase hipnótico que era invocado toda a vez que o garoto pronunciava a palavra mágica, que também era o símbolo estampado no peito do herói. Não demorou muito para aparecer outros títulos, como: Captain Marvel Adventures, Marvel Family, Captain Marvel Story Book, Master Comics e muitas outras, chegando até a ganhar alguns seriados para a televisão.

Apesar de todo o sucesso, o personagem praticamente sumiu entre os anos 50 e 60, graças a DC Comics que processou a Fawcett por plágio, o processo durou 12 anos e levou a editora original do herói a falência. Com a compra dos direitos do herói, a DC Comics reapareceu com ele em 1973, com mais uma série televisiva feita pela Filmation de 28 episódios, chamada de: Shazam! que durou entre 1974-1977, ganhando ainda um “spin-off” em uma outra série chamada: Isis, que foi ao ar em 1976. Entretanto, com o nascimento do personagem de Jim Starlin: o Capitão Marvel, pela Marvel Comics, que já se preveniu registrando o nome como título da revista, a DC foi obrigada a mudar o nome do Capitão Marvel para Shazam.

A fase dos Novos 52 é conhecida por ter uma narrativa mais pesada para todos os heróis da editora, incluindo os mais otimistas, mas parece que está HQ foge à regra, trazendo um ar mais leve e otimista para o herói, mas não subestimando o leitor, entregando uma aventura cômica, infantil, mas ao mesmo tempo frenética com cenas de ação surpreendentes e um roteiro que tem muito a dizer em suas entrelinhas.

Escrita pelo mais que competente e sensacional Geoff Johns (A Noite Mais Densa) e desenhada pelo excelentíssimo Gary Frank (Batman: Terra Um), a história se centra em Billy Batson, um órfão ranzinza e desagradável que encontra uma novo lar adotivo com diversas outras crianças adotadas, sendo que delas o que ele mais se identifica seja o Freddy Freeman, que após combinarem de se vingar do ricaço arrogante Sr.Bryer, Billy se envolve em uma perseguição com os filhos do Bryer, que o leva até um trem que o leva diretamente ao encontro do Mago Shazam na pedra da eternidade, dando a ele os poderes do Campeão da Magia. Neste meio tempo, o fanático Doutor Silvana liberta o maligno Adão Negro de sua prisão milenar para juntos lutarem e derrotarem o Capitão Marvel, um para voltar ao posto de Campeão da Magia e o outro para desvendar todos os mistérios da magia e conseguir adentrar na pedra da eternidade.

A grande genialidade do roteiro está no excelente desenvolvimento dos personagens, aonde mesmo o mais simples consegue desempenhar um papel importante para a trama, criando assim uma empatia por cada um deles, juntamente com a agilidade e o humor bem dosados na narrativa, proporcionam uma experiência deliciosa e que vale a pena ser revisitada. Os desenhos de Gary Frank sempre são um deleite, mesmo aqui aonde vemos uma versão um pouco mais simplista do seu trabalho, ainda é espetacular e consegue impactar o leitor com a riqueza de detalhes e fluidez das cenas de ação.

A edição lançada no Brasil foi lançada em capa dura na época de republicações das fases de diversas histórias dos Novos 52. Infelizmente, como já faz muito tempo desde a sua republicação, é uma obra difícil de se achar, porém com o lançamento do filme, é bem provável que a Panini relance novamente, com seus preços irreais e exorbitantes, mas que ainda assim compensa ter na coleção.

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Kauê Medeiros
Estudante de jornalismo, e amante de filmes e quadrinhos desde que se conhece por gente. Existindo em uma vida dirigida pelo Stanley Kubrick e roteirizada pelo Grant Morrison.