Arritmia é um filme russo de 2017 que chega ao Brasil agora em Dezembro de 2020 sob o título Sem Amor direto para a plataforma de streaming Telecine.
Pôster do longa Sem Amor.
Centrado no casal Oleg e Katya, interpretados pelos atores Alexander Yatsenko e Irina Gorbacheva em boas atuações e química, o filme retrata como o cotidiano desgastado pode atrapalhar um relacionamento amoroso.
Na trama Oleg é um paramédico do atendimento de pronto socorro móvel (ambulância), enquanto Katya é médica no Hospital em que ambos trabalham.
Oleg faz os primeiros procedimentos de atendimento para várias pessoas na região, encaminhando as mais necessitadas para o atendimento mais específico de Katya (ou outros médicos disponíveis), dentro do Hospital.
Ele se importa muito com seus pacientes, tanto que Katya começa a se incomodar com isso, ao ponto de notar que para Oleg ajudar aquelas pessoas é mais importante do que qualquer outra coisa.
O relacionamento dos dois fica cada vez mais complicado, enquanto Oleg se refugia na bebida e Katya passa a querer o divórcio.
É a partir deste pedido de divórcio que a trama começa a se desenrolar, e somos apresentados ao desgaste emocional de ambos, tanto no trabalho quanto naquele casamento que já estava fracassado.
O problema é que esse relacionamento é mais pincelado do que trabalhado pelo roteiro, que prefere deixar mais espaço em tela para o cotidiano trabalhista de suas personagens, do que para seu relacionamento desgastado.
Não é ruim acompanhar este drama, ele é bem interessante e possui bons momentos, porém como obra dramática que se propõe á contar uma história de amor entre duas pessoas que já estão cansadas desta relação, ele mais parece uma série médica pelo tanto que apresenta casos de atendimento, que são mais interessantes que o relacionamento de seus protagonistas.
Cena do filme onde Oleg está atendendo um paciente.
As partes técnicas de Sem Amor são boas, como já disse as atuações são acima da média e a produção é muito boa. O grande problema mesmo é a falta de direção do roteiro, talvez por culpa do próprio, ou até mesmo do diretor que não soube encaminhar a história para onde deveria.
Não há uma lição sobre relações abusivas, porque sim o relacionamento de Oleg e Katya é abusivo em diversos momentos. Ambos cometem erros bem grotescos, principalmente ele, e em vários momentos ambos são chatos.
Poderia haver alguma lição nisso, algo que dissesse que permanecer em um relacionamento que já acabou e que visivelmente te faz mal, não é bacana e que você não precisa disso.
Mas ao invés disso, o filme até romantiza aquela relação tentando á todo custo dar uma segunda chance para aquele casal, embora essa tentativa seja fracassada na maior parte do tempo. Mas enfim, como eu disse a parte de atendimento médico faz valer a pena.
Irina Gorbacheva em cena do longa.
As cenas de atendimento médico são ótimas, me senti atento á cada pessoa que Oleg atendia, e de como eles eram pressionados pela direção do Hospital á seguir um protocolo ridículo, que só demonstrava o quanto o estado se preocupa apenas com dinheiro e não com vidas.
Sobre este assunto o filme passa bem sua mensagem. Quem realmente se preocupa com vidas e ajudar pessoas, e quem se preocupa somente em seguir protocolos que renderão dinheiro ao estado.
E claro que quem dá valor á ajuda humana não receberá reconhecimento algum. E o filme no fim é sobre isso, sobre o fator humano, sobre como muitas vezes á vida dos outros tem mais importância dentro de uma relação, do que a própria vida particular das pessoas envolvidas naquele cotidiano.
É sobre ser humano, e ser amado. Ou sobre não ser nem humano e nem amado. A escolha é sua, e assistir Sem Amor no Telecine o fará pensar sobre isso, portanto vale a pena conferir este drama cotidiano sobre relacionamentos e sobre atendimentos médicos.
