Quando Pacificador foi anunciado logo após o lançamento de Esquadrão Suicida, muitos ficaram animados por ver James Gunn em mais um projeto da DC, mas outros pensaram se era de fato uma boa ideia. Pegando um personagem que havia surgido na Charlton Comics como de fato um pacifista, ele acabou sendo reformulado ao entrar na DC Comics.
Contudo trazendo John Cena no papel, e entregando uma série que não foge somente dos padrões de super-heróis mas de outras produções, temos aqui provavelmente uma das maiores surpresas do ano.
Uma história fora de padrões globais
Começamos Pacificador logo após os eventos de Esquadrão Suicida, com o personagem saindo do hospital e percebendo que ainda existem alguns membros da equipe da Amanda Waller atrás dele. Dentre diversas decisões, uma das melhores feitas pelo James Gunn foi de isolar a história do personagem em uma pequena cidade dos Estados Unidos. Criando uma ambientação muito mais introspectiva, o centro das atenções se volta para os personagens e enredo que está sendo contado.
Temos uma história que de fato beira o absurdo (como todo bom roteiro do Gunn), mas aqui é algo muito mais contido que se preocupa em desenvolver cada personagem e trazer uma lente para os seus interiores. Levando em conta esse conceito, a fotografia e produção mais intimista dos cenários e ambientes condizem com essa pequena cidade, além de contribuir com o apelo emocional que o Pacificador tem ali.
As cenas de luta tem seus momentos de pico em conjunto com uma fotografia que sabe o momento onde ela deve nos surpreender. Em meio a isso temos uma direção que nos conduz para diversos momentos onde ficamos de boca aberta pelo o que aconteceu, elevando até o final seu nível de absurdo.
O principal núcleo da série: PERSONAGENS
Se olharmos para os filmes anteriores do diretor James Gunn sempre iremos nos deparar com um estilo de narrativa em comum, o modo como ele desenvolve seus personagens. Temos aqui provavelmente o ápice dele como escritor, onde além de ter mais tempo para contar suas histórias, ele conduz com maestria sua narrativa.
Talvez o principal tema que cerca os personagens da série são os seus traumas e conexões com o passado e família. Conforme a trama se desenvolve conhecemos mais de cada um, e sentimos suas reais motivações. É difícil em pensar como personagens galhofas possam ter um apelo emocional tão grande, mas talvez esse seja de fato o talento de Gunn.
Dentre todos os personagens da série, podemos perceber como cada um foi desenvolvido não somente para se conectar ao personagem de John Cena, mas também para desenvolver diferentes temas dentro da série. Temos temas sobre família, identidade, racismo, traumas e entre outros.
Uma história que mistura do mais escroto ao mais incrível
Partindo para o enredo principal, o plot final acaba de fato sendo de certa forma simples, do qual temos uma ameaça que precisa ser parada e para isso reunimos pessoas totalmente diferentes. Contudo as reais qualidades estão nas nuances que são desenvolvidas ao longo do filme.
Dentre o Dragão Branco no plano de fundo para abordar temas como relacionamento tóxico entre pai e filho, fora o Judo Master como uma ótima sacada cômica, os vilões servem cada um ao seu propósito. De fato acaba que no final o vilão ou vilões não são o principal foco da série, mas que conseguem se manter ativos na narrativa.
E dentre emoções e temas importantes, temos um atual clássico estilo de escrita do James Gunn que nos entrega novamente um humor sádico, irônico e beirando a insanidade. Tendo diversos pontos onde soltamos risadas com uma mistura de culpa envolvida, aqui Gunn está solto sem ter que se preocupar com limites ou pressão do estúdio. Indo desde o mais bizarro, até o mais idiota possível isso traz não uma leveza mas uma forma adicional de conduzir a narrativa.
Dentre diversos personagens da DC, o Pacificador recebeu uma segunda chance nos dias de hoje graças ao James Gunn e John Cena que se entrega totalmente ao personagem. A qualidade e nível da série se devem sem dúvidas ao Gunn, mas vemos aqui talvez um modo de como poderemos ver outros personagens desconhecidos no futuro, e que as vezes temos algo que foge totalmente dos padrões.