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Crítica: Os Mortos Não Morrem | Um filme que não sabe para o que veio, e muito menos para onde vai

Mais um filme de zumbis é apresentado para o grande público: Os Mortos Não Morrem, uma sátira social que parece não ter um propósito definido, mas que possui um humor ácido de qualidade inegável.

 

O Apocalipse Zumbi permeia a cultura pop através de jogos, filmes e séries, sendo adaptado para uma miríade grande de gêneros. A mais nova produção contendo estes monstros icônicos é: Os Mortos Não Morrem, uma comédia que não sabe muito bem para o que veio, e também não tem a mínima noção para onde vai, mas diverte com algumas piadas referenciais muito bem feitas.

Escrito e dirigido por Jim Jarmusch (Flores Partidas), o filme conta a história de uma cidadezinha pacata chamada Centerville, que são atacados por zumbis devoradores de cerne quando os mortos se levantam de seus túmulos.

Beleza, a sinopse pode ser meio simplista, mas o filme nem tanto. O roteiro se encarrega de introduzir um humor referencial ácido, tornando os personagens paródicos em diversas situações, seja pelo policial que se declara oficialmente fã do México, enquanto usa um boné com as escritas: “Make America White Again”, fazendo uma grande crítica para a situação atual dos Estados Unidos, e aos apoiadores do presidente, que são caricaturas em torno de si mesmas.

A sátira toma nuances ainda mais profundos na trama, ao invés dos Zumbis quererem consumir sumariamente apenas carne humana, eles ainda se veem reféns dos vícios de quando eram humanos, exemplificado por um grupo de zumbis procurando Wifi ou atacando uma farmácia em busca de remédios, o que poderia proporcionar um contexto mais reflexivo para a trama, se fosse melhor abordado e desenvolvido.

A construção de arcos para os protagonistas é inexistente, e as tramas secundárias são esquecidas quase imediatamente assim que a horda de Zumbis começa a dominar a cidade, não dando substância para uma trama que poderia entregar muito mais do que apenas uma simples sátira ao nosso modo de vida.

Os personagens centrais são completamente apáticos, mesmo estando em uma situação completamente aterrorizante, tornando-os difíceis de se relacionar com o público, fazendo com que simplesmente não nos importemos muito com o destino dos mesmos. Porém, também fornece uma nova camada de crítica, por causa dessa nítida indiferença com tudo, fazendo com que eles se tornem tão insensíveis quanto os monstros que eles estão combatendo.

O terceiro ato rende uma das cenas mais interessantes do filme, com um diálogo dentro de uma viatura atolada por mortos vivos, aonde o personagem de Adam Driver explica para o Bill Murray, o porquê dele estar constantemente dizendo o porque tudo aquilo vai terminar muito mal, mas é completamente ofuscada por um desfecho duvidoso de um dos atores, fazendo mais uma piada sobre a atriz.

Os Mortos Não Morrem, é um filme que se preocupa demais em entregar uma série de camadas para os personagens, núcleos secundários, e um narrador onipresente irritante que faz um monologo final completamente desnecessário para o desenvolvimento da trama, tudo isso sem sequer se dar o trabalho de desenvolve-los, mas rende umas boas risadas com piadas inteligentes e sátiras profundas ao nosso estilo de vida, mesmo que em detrimento de uma boa história.