Após uma temporada extremamente lúdica e que respondia perguntas enquanto fazia outras, Mr. Robot acaba de retornar no seu terceiro ano. Com um episódio que segue o ritmo da série, que é lento, mas cria uma atmosfera tensa e instigante, e que ao mesmo tempo é até que bem linear para os padrões da série, que costuma ter episódios fragmentados que apenas depois de assistidos são digeridos e montados como um quebra-cabeça, ela segue exatamente de onde parou. E após essa introdução que mostra o cativante personagem de Bobby Cannavale, Irving sendo contatado por Tyrel (Martin Wallström) para ajudá-lo a resolver seu problema, o episódio pula seis dias em que segundo Angela (Portia Doubleday), Elliot (Rami Malek) ficou inconsciente já que estava ferido, mas que como é tipico da série, pode ser que isso não seja verdade e abra espaço para revelações ao fim da temporada.
Grande parte do episódio é focado em Elliot e no seu entendimento de que a revolução que ele começou apenas deixou a sociedade mais vulnerável para ser controlada, isso tudo com uma atmosfera extremamente soturna que representa o caos e a decadência em que todos estão mergulhados. Mas também há exceções como cenas focadas em Whiterose (B. D. Wong) ou dominadas por Mr. Robot (Christian Slater), isso mais ao fim do episódio, que também tem uma trama mais sólida do que outros da série em que há a duvida frequente do que é real ou não. Esse acaba por ser mais contemplativo e estudar a situação em que Elliot, Darlene (Carly Chaikin) e outros personagens ao seu redor se encontram, sem saída e ameaçados. Por isso, toda a atmosfera do episódio é desconfortável e sombria.
A dualidade de Angela também é muito bem explorada já que após a relação dela com Elliot ganhar espaço na trama, ele é “trocado” por Mr. Robot que a questiona do porque ela está usando Elliot para conseguir o que quer, ela então diz que ele tem que terminar o que começou e revela o que a faz estar contra a Evil Corp. Inclusive, a relação dos dois é uma boa adição para o primeiro episódio, que faz com que o protagonista seja tirado do controle da história e de si mesmo e que acabe sendo usado nessas condições por uma personagem que sempre esteve ao seu lado na série. A tensão também está presente em muitos momentos do episódio, na assustada Darlene, no preocupado Tyrel e claro, no agora mais decidido do que nas temporadas anteriores, Elliot. Ela é aliviada nos momentos finais do episódio quando de forma simbólica a energia volta e as luzes se acendem, como se ainda existisse alguma esperança para o mundo decadente da série.