A depressão, ansiedade e mais alguns problemas relacionados ao psicológico, são temas bastante utilizados nos últimos anos, principalmente por serem doenças cada vez mais sob os holofotes da mídia, chegando a ser considerada a “Doença do Século”. Cadê Você, Bernadette? adapta a obra de Maria Semple, com uma construção primorosa de personagens, mesmo que não saia da esfera do comodismo, beirando o brega em muitos momentos.
Dirigido e co-roteirizado por Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude), o longa conta a história de Bernadette Fox, uma arquiteta em ascensão que se aposentou misteriosamente, e agora vive isoladamente em uma casa com a sua filha prodigiosa e seu marido executivo de uma empresa de tecnologia, sofrendo constantemente com traumas do passado. Após um incidente, ela foge para a Antártica em busca de uma resposta para sanar as suas angustias.
Apesar do filme possuir uma premissa interessante, está longe de ser cativante. A direção de Linklater, consegue manter o seu padrão de qualidade, com uma construção de personagens muito bem feita, com seu foco na personagem principal, mas não sai da esfera do confortável e em alguns momentos chega a ser brega e monótono.
Muitos conceitos utilizados, lembram a filmes de Sessão da Tarde sobre mães que tem um colapso nervoso e largam a sua vida de donas de casa para “aproveitar a vida”. A construção de personagem reutiliza esse elemento e o transforma em um tipo de ansiedade comum em artistas, mas é apresentado tardiamente na trama, se propondo a ser uma espécie de grande revelação, mas que fica obvio desde que a história da artista é contada.
As atuações do filme são inquestionavelmente excelentes, mesmo os que tem pouco espaço de tela brilham, e servem como uma escada para a estrela principal: Cate Blanchett (Thor: Ragnarok), que dá um show, e consegue dar substância para todas as cenas em que aparece.
Cadê Você, Bernadette? se propõe à muitas coisas, mas não consegue atender quase nenhuma. Com uma construção de personagem razoavelmente interessante, mesmo os momentos, mesmo os momentos catárticos do filme, se tornam triviais. Uma pena, já que o longa possui um elenco poderoso, que graças a uma história fraca e mal conduzida, vai passar bem abaixo dos radares de premiações importantes e até mesmo do público, infelizmente.