Nos tempos atuais, é comum vermos diversos fãs de quadrinhos reclamarem (Até você que está lendo pode ser um deles) sobre a má fase das grandes editoras, aonde vemos cada vez mais ideias recicladas e pouco cativantes sendo jogadas de qualquer forma, apenas com o intuito de vender revistas. Com isso, a atenção dos leitores tem se voltado cada vez mais para títulos alternativos e histórias antigas para saciar seu desejo de uma boa experiência literária.

Tendo em vista essa ânsia cada vez maior, apresentamos aqui uma das melhores obras já feitas pela indústria de quadrinhos que praticamente ninguém conhece: Planetary: Os Arqueólogos do Impossível.

Escrita por Warren Ellis (The Authority) e desenhado por John Cassaday (Os Surpreendentes X-men), a história apresenta aos leitores a Fundação Planetary, uma organização secreta que tem como objetivo desvendar todos os mistérios do Século XX e é comandada por individuo misterioso intitulado como: O Quarto Homem.

Estas descobertas são realizadas graças aos seus agentes de campo: Jakita Vagner, uma mulher extremamente poderosa, com uma personalidade extremamente forte, O Baterista, um receptor inesgotável de informações e um pouco fora de órbita e o misterioso: Elijah Snow, que é considerada uma das crianças do século, nascido em 1 de Janeiro de 1900 e que possui o poder de controlar temperaturas baixas, vulgarmente falando: tem poder de gelo.

Os principais antagonistas são chamados de: Os 4, uma visão distorcida e maligna do nosso querido Quarteto Fantástico, cujos quais fazem de tudo para reunir informações relacionadas ao Século XX, incluindo muitas coisas consideradas moralmente indizíveis.

A história de início aparenta ser desconexa e ambientada individualmente em cada edição, mas no desenrolar da trama, o leitor fica pasmo ao ver como Warren Ellis conseguiu conectar referências culturais, com teorias da conspiração, ciência teórica massiva e heróis de forma tão orgânica e envolvente.

Uma das melhores coisas é a interação entre os personagens, que diferente de algumas relações jogadas de forma forçada (Essa vai pra Wolverine e Jubileu), é apresentada durante a leitura naturalmente e consegue conquistar uma empatia quase que imediata pela personalidade de cada um.

A sensação de descoberta junto aos personagens é algo que agrega uma certa empatia para com as aventuras e que são potencializadas graças as constantes referências que são o ponto alto da série, apresentadas de forma massiva com o intuito de tornar a trama mais intrigante e complexa, nunca se torna entediante e confusa, muito disto se deve pelos textos altamente ágeis e que conseguem sustentar uma história relativamente complicada de forma leve e envolvente.

Muitas das referências são conceituais, como por exemplo: O embate entre os personagens das conhecidas Pulp e os super-heróis, narrada na primeira edição de Planetary, que simboliza a queda dos aventureiros perante o fenômeno do Homem de Aço que desencadeou na Era de Ouro dos quadrinhos e a extinção das Pulp Fictions.

A arte de Jhon Cassaday que permeia toda a série é linda de se contemplar, conseguindo transmitir todas as sensações e experiências da trama de forma única e detalhada, desde a capa até a última página, com uso de cores vividas e que permitem uma imersão maior na história.

Devido a alguns problemas de saúde de Warren Ellis, a série que começou em 1999 teve sua edição de número 27, a última apenas em 2009, praticamente 10 anos do início da trama.

No Brasil, houve algumas republicações, sendo a mais recente em 2014 pela nossa estimada editora Panini, cuja qual não tem nenhuma perspectiva de relançamento futuro, forçando os leitores a recorrem a internet para conferirem esta obra maravilhosa.

Planetary é uma das poucas obras que conseguem ser tão interessantes e referenciais que é preciso lê-la mais de uma vez para entender toda a complexidade da obra e não importa quantas vezes a revisite, nunca irá enjoar e perder a graça.

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Kauê Medeiros
Estudante de jornalismo, e amante de filmes e quadrinhos desde que se conhece por gente. Existindo em uma vida dirigida pelo Stanley Kubrick e roteirizada pelo Grant Morrison.