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Nerd Zoom entrevista | Paula Gabriela

Paula Gabriela é, provavelmente a professora de Inglês mais famosa do Brasil. Com profundo conhecimento do idioma, toneladas de carisma e uma abordagem bastante característica, ela angariou uma legião de alunos e fãs nos últimos anos.

Paula Gabriela é, provavelmente a professora de Inglês mais famosa do Brasil. Com profundo conhecimento do idioma, toneladas de carisma e uma abordagem bastante característica, ela angariou uma legião de alunos e fãs nos últimos anos.

Como aqui o nosso lance é cultura pop, bora descobrir quais foram as referências no cinema, na música e na literatura, que ajudaram a formar a personalidade desse ícone da educação (e da atuação e também do humor)?

André Walker | Nerd Zoom: Qual é o seu filme preferido (e por quê)?

Paula Gabriela: Acho super difícil escolher um só! Confesso que sou mais da série porque me apego demais à história e aos personagens, aí quero “ter” por mais tempo. Os filmes que eu mais amo, por exemplo, já assisti mil vezes.

Não vejo problema nenhum em assistir o mesmo filme diversas vezes. Sempre gostei muito de Matilda, Edward Mãos de Tesoura e A fantástica fábrica de chocolates. Me dá aquela sensação gostosa de sessão da tarde! Ah, e de animação, AMO Shrek! Acho um humor sensacional.

André Walker | Nerd Zoom: Qual é a sua série preferida?

Paula Gabriela: Sempre amei Friends, acho que sempre será minha série de conforto – sabe quando
precisamos de um barulho na casa, ou quando não queremos focar muito, só deitar no sofá edar uma risadinha?

Mas também sou apaixonada por The Office (já assisti diversas vezes). Tirando séries de comédia, gosto muito de Breaking Bad! A história é incrível e o ator principal,
Bryan Cranston, é um dos meus atores favoritos.

André Walker | Nerd Zoom: Qual é a sua banda favorita (e desde quando)?

Paula Gabriela: É fisicamente doloroso escolher uma só! Eu tenho as minhas fases, mas num geral, o rock prevalece. Sou muito fã de Aerosmith (na adolescência fiz até uma tatuagem) e Roxette.

Também ouço muito Imagine Dragons – pra mim, é o tipo de banda que não tem nenhuma música ruim, Harry Styles, Adele, boybands como Jonas Brothers, Hanson… E claro, os clássicos da minha adolescência: My Chemical Romance e Blink 182.

André Walker | Nerd Zoom: Qual é sua música preferida?

Paula Gabriela: De novo, tenho fases! Mas “The look” da banda Roxette sempre me pega! O solo de guitarra do começo me dá uma sensação muito boa toda vez que escuto. Outra que eu preciso cantar até o final toda vez que escuto é “What it takes”, da banda Aerosmith.

Mas não se enganem! Eu também amo minhas boybands com aquelas músicas mais “chicletes”!

André Walker | Nerd Zoom: Qual é o seu livro favorito?

Paula Gabriela: Vocês estão queimando meus neurônios com essas perguntas! (risos) Como é difícil escolher um só. Eu fui muito apaixonada por Dom Casmurro durante um bom tempo (analisei ele na minha tese final na faculdade), acho um livro extremamente bem escrito e impactante.


Mas ano passado li “Cem anos de solidão” e esse confesso que me pegou demais! Sabe aqueles livros que cada capítulo é um soco na boca do estômago? Pra mim foi assim!

André Walker | Nerd Zoom: Qual é o seu desenho animado favorito?

Paula Gabriela: Nunca parei pra pensar… gostava muito dos que todo mundo assistia e que passava na TV aberta: Pica-Pau, As meninas superpoderosas, Looney Tunes, etc.

André Walker | Nerd Zoom: Qual é o personagem da cultura pop com o qual você mais se identifica (e por que)?

Paula Gabriela: Eita, que difícil! Acho que sou uma mistura de Rachel Green e Chandler Bing! Amo o estilo da Rachel e me identifico com muitas reações e decisões da personagem. Mas no dia a dia eu sou 100% Chandler, fazendo piada o tempo todo como mecanismo de defesa.

André Walker | Nerd Zoom: Se você fosse atriz, qual filme ou série você gostaria de ter protagonizado?

Paula Gabriela: Eu amaria atuar em The Office! Amo esse humor meio vergonha alheia em que o personagem olha pra câmera. Com certeza eu ia amar atuar em algo leve, sem cenas fortes.

André Walker | Nerd Zoom: Quais foram os artistas, na música, na literatura, no audiovisual, etc., que formaram sua personalidade?

Paula Gabriela: Eu me considero uma pessoa bem sensível. Acho que as bandas emo na adolescência e os poemas de Carlos Drummond de Andrade na faculdade fortaleceram esse traço.

André Walker | Nerd Zoom: Sabemos que o nome dos filmes costumam mudar de um idioma para outro. Na sua opinião, qual é a melhor e qual é a pior adaptação?

Paula Gabriela: Geralmente, quando as pessoas reclamam ou ridicularizam uma adaptação de título de filme eu sou uma das primeiras a defender! Essas adaptações acontecem por vários motivos, o principal é o fator cultural: o título precisa chamar atenção e fazer sentido naquele país. Mas sim, tem uns que é difícil “aceitar”, mesmo! (risos)

Gosto muito de “A mentira” para o filme “Easy A”. Foi uma adaptação muito inteligente. Como exemplo ruim, o que me vem à mente agora é “Jack and Jill” que ficou “Cada um tem a gêmea que merece”. Achei o título muito longo e bobo, mas talvez eu esteja sendo influenciada pelo fato de não ter gostado do filme em si, aí a gente encrenca com tudo, pega ranço.

André Walker | Nerd Zoom: Pensando em filmes que você conhece, quais deles você mudaria o nome escolhido na versão brasileira?

Paula Gabriela: Olha, acho que eu mudaria o nome de “A ilha do medo”. É um filme tão bom, tão impactante, tão cheio de detalhes, e talvez “A ilha do medo” seja um nome até meio bobinho, parece nome de filme de um filme de terror qualquer.

O título original é “Shutter Island”, e a palavra “shutter” me remete àquela persianas furadinhas, ou seja, tapa sua visão, tira a claridade, mas alguns raios de luz conseguem entrar (olha que dramático considerando o terror psicológico do filme!). Será que viajei demais?

André Walker | Nerd Zoom: Quais são suas frases preferidas da cultura pop em inglês?

Paula Gabriela: Eu sou daqueles papagaios que ficam repetindo memes e referências de filmes e séries o tempo todo! Tem os clássicos: “Oh, God, please, no! No! Noooo!” do Michael Scott (The Office), “I am the danger” do Walter White (Breaking Bad), “Joey doesn’t share food!” do Joey Tribbiani (Friends), e mais uma infinidade. Tem uma muito engraçada do Ross quando experimenta a sobremesa da Rachel que é muito boa pra dizer quando você come algo ruim: “It tastes like feet!” O melhor é que ele fala quase chorando, (risos) eu amo!

André Walker | Nerd Zoom: Como a sua percepção das obras que você consome mudou depois que você aprendeu inglês?

Paula Gabriela: Com o inglês eu consegui entender muito mais as piadas e trocadilhos de filmes e séries. Mas além disso, quando a gente estuda bastante e se torna fluente em um idioma, a gente acaba pegando muito mais referências culturais presentes naquela língua.

Por exemplo, eu sempre achei super engraçado o filme “As branquelas”, porque no Brasil ele é muito engraçado. Porém, esse é um filme que não fez tanto sucesso nos EUA. Isso porque boa parte das piadas traduzidas pro português são mais leves, enquanto no idioma original fica um pouco mais pesado.

A gente só percebe essas coisas depois de mergulhar numa língua e ir decifrando
essas relações culturais!

André Walker | Nerd Zoom: Qual foi o primeiro livro que você leu em inglês e o que isso mudou na sua percepção da obra?

Paula Gabriela: Se eu não me engano, o primeiro foi Frankenstein. Não me impactou tanto porque na época eu não gostava tanto do inglês. Era uma leitura obrigatória da Associação onde comecei a estudar o idioma – tinha ganhado uma bolsa de estudos e tudo aquilo era muito novo pra mim.

Durante a faculdade eu tive que não apenas ler muitos livros em inglês como também analisá-los nas disciplinas de literatura. Mas confesso que literatura brasileira sempre foi muito mais interessante pra mim.

André Walker | Nerd Zoom: Quando eu era criança, eu era louco para entender o que o Pica-Pau dizia naquela musiquinha que ele sempre cantava, “everybody thinks I’m crazy…”, e achei muito legal quando aprendi inglês e descobri o que ele falava. Você teve alguma experiência desse tipo?

Paula Gabriela: Acho que tive essa mesma sensação com músicas! Poder ouvir músicas que ouvia quando criança e entender o que estava sendo dito… era como se tivessem tirado um tampão dos meus ouvidos. É uma experiência muito legal poder “reaprender” a cantar algo.

André Walker | Nerd Zoom: Recentemente a Bruna Marquezine disse, em entrevista, que ela se sente muito mais interessante em português do que em inglês e que isso limita um pouco a capacidade de atuação dela (embora eu ache que ela foi muito bem em Blue Beetle). O que você pode dizer sobre esse tipo de questão?

Paula Gabriela: Fiz um vídeo recentemente falando sobre isso. O que a Bruna Marquezine sente é absolutamente normal, ainda mais quando nos tornamos bilíngues depois de uma certa idade.


Nossa personalidade é composta por referências, traumas, memórias, e o que acontece com boa parte de nós é que isso tudo vem muito da infância. Sendo assim, mesmo sendo completamente fluentes em um segundo idioma, nossa língua materna fala mais alto quando algo mexe com nossos sentimentos: humor, raiva, alegria, são sentimentos que nos puxam pra Língua 1.

Enfim, eu poderia falar por HORAS sobre esse assunto (risos)! Mas basicamente, se
sentir um pouco diferente em outro idioma, com outra personalidade, menos engraçado, mais engraçado, mais expansivo, menos expansivo, é absolutamente normal e não faz ninguém menos fluente.

André Walker | Nerd Zoom: Pensando na pergunta anterior, você se sente “outra pessoa” quando está “vivendo em inglês”?

Paula Gabriela: Não me sinto outra pessoa, mas algumas coisas são diferentes. Meu humor, por exemplo, justamente porque sei que as referências culturais das pessoas com as quais estou conversando são outras. A noção do que é engraçado ou não muda.

Outra coisa que já senti acontecer algumas vezes: falar algo mais pesado ou até mesmo um palavrão em inglês porque aquilo não tem o mesmo peso pra mim. Detesto falar palavrão, não falo palavrões em português. Mas, às vezes, quando estou no English Mode On, me escapa uma palavra feia.

André Walker | Nerd Zoom: Se você fosse convidada para atuar como atriz, você aceitaria? Caso aceitasse, você
preferiria um papel falando em português ou inglês?

Paula Gabriela: Dependendo do filme/novela/série, eu toparia sim! Se fosse algo rápido, uma aparição especial (risos). Não acho que tenho talento ou técnica suficiente para atuar como uma personagem principal em uma produção.

Acho que preferia atuar falando em inglês, porque assim talvez eu pudesse trabalhar um pouquinho com atores/atrizes estrangeiros que gosto (não que eu não goste de atores e atrizes brasileiros, mas as chances de contracenar com o pessoal de Hollywood são mais escassas, né?).

André Walker | Nerd Zoom: A última pergunta a gente reserva para as recomendações e indicações. Você poderia indicar alguma obra que você goste para nossos leitores?

Paula Gabriela: Sempre indico “The Giving Tree”. Um livro infantil, simples e rápido de ler, mas com uma mensagem muito boa. O título em português é “A árvore generosa”, e posso dizer que é um dos meus livros preferidos.

André Walker | Nerd Zoom: Por fim, muito obrigado pela conversa! Nossos leitores estavam pedindo bastante!