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Crítica: Homem-Aranha – Através do Aranhaverso | Quando é possível superar o insuperável

Homem-Aranha é um personagem tão longevo que é até mesmo difícil pensar sobre histórias diferentes que podem ser contadas. Nos quadrinhos, há um ciclo infinito de narrativas sendo recontadas. 

Nos cinemas, tivemos recentemente Homem-Aranha: Longe de Casa (2021), que apesar de ter nos emocionado, tem o inegável apelo à nostalgia. O filme não conta uma história nova, mas homenageia a jornada do personagem até os dias atuais.

Só que em 2019 tivemos Homem-Aranha no Aranhaverso, que conta a história de Miles Morales, um personagem que surgiu nos quadrinhos em um universo alternativo (Ultimate, para ser mais exato), mas logo entrou nas revistas principais. Aqui vemos algo que faltava para as histórias de herói: uma forma de fugir do padrão.

No filme, o que vemos é uma passagem pelo significado do “grandes poderes e grandes responsabilidades” e como isso define o herói. A apresentação que mostra o nascimento de Miles como o Homem-Aranha da sua realidade.

Tirando, é claro, sua qualidade visual. Com uma estética surreal, que mudaria as animações do cinema desde então, imprimindo um novo padrão a ser seguido.

Só que mesmo com tudo isso, através de uma sequência adiada tantas vezes por conta da pandemia, temos agora uma continuação capaz de não somente se igualar à obra original, que já era perfeita, como superá-la.

Através de diversas realidades

O primeiro item que devemos focar é a parte técnica. Porque no seu antecessor tínhamos uma atenção extrema para cada detalhe, aqui isso é triplicado. De fato vemos as mais diferentes realidades e versões do Homem-Aranha de maneiras únicas. 

Partindo de um ponto diferente de outras obras sobre o multiverso, aqui cada mundo tem o seu próprio estilo visual, que vai desde animações em aquarela, até a montagem em Lego.

Não são somente variações por um quesito estético, mas como narrativa, ao mostrar esses diversos mundos, e suas singularidades. É claro que existe também o fator nostálgico com diversas referências que tentamos buscar em cada cena, e que não falta para quem souber procurar.

Fugindo até mesmo do seu material fonte dos quadrinhos, aqui somos capazes de explorar muito mais da ideia do “aranhaverso”. Não sendo somente um variação “boa” e outra “do mal” como estamos ficando acostumados a ver.

O que faz de alguém o Homem-Aranha

Miles Morales contra seu inimigo “O Mancha”.

A narrativa permanece com a mesma qualidade do primeiro filme. A atenção dada a cada personagem, profundidade e apego aos seus pequenos trejeitos, tornam todos carismáticos. Só que o que torna essa experiência tão única é a forma como abordam o mito do cabeça de teia.

O que é o Homem-Aranha além dos seus traumas? Essa pergunta é feita e estudada ao longo do filme, em como os traumas definiram a maior parte do mito do herói. Ao surgir o Miles Morales, vemos como essa narrativa é quebrada, nos fazendo, como audiência, questionar nossos próprios heróis.

Esses dilemas trazem até mesmo uma dinâmica ainda mais interessante para personagens como a Gwen Stacy e outros personagens que vemos ao longo do filme. De fato temos aqui um projeto feito com carinho, atenção e que se permite arriscar ao não fazer uma simples história sobre nostalgia.

Vale lembrar que está é somente a primeira parte do final da trilogia. A segunda parte Homem-Aranha: Além do Aranhaverso, chega aos cinemas em março de 2024.Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é um salto de fé rumo à uma história que supera seu antecessor. Com isso eles são capazes de tornar até mesmo um vilão como o Mancha uma ameaça de alto nível.