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As pessoas se importam mesmo com as opiniões políticas e sociais de celebridades?

Artistas dando pitacos em assuntos políticos não é novidade. Ainda ontem, um dos músicos fundadores da banda Pink Floyd, Roger Waters, foi vaiado ao chamar um dos candidatos a disputa presidencial de neofascista. A internet se dividiu, como sempre ocorre nesses casos, com uns aplaudindo a atitude e outros pedindo o boicote às apresentações, com direito a gente pedindo reembolso. A depender do alinhamento político do indivíduo, as declarações das celebridades e suas campanhas podem soar inspiradoras ou alienadas.

Mas alguém realmente se importa com o que a Madonna, a Anitta ou Roger (seja ele do Pink Floyd ou do Ultraje à Rigor) pensam? Todo esse esforço da classe artística em vocalizar suas causas e suas visões de mundo traz alguma mudança efetiva? No Brasil não se sabe muito bem, mas nos EUA a revista The Hollywood Reporter encomendou uma pesquisa a Morning Consult, empresa especializada em pesquisa de mercado, para descobrir como o público em geral se sente diante dessas declarações.

Foram entrevistados 2.192 adultos espalhados por todo o país. O resultado foi que cerca de 58% dos entrevistados disseram que não se interessam nem um pouco por opiniões políticas e sociais de celebridades, enquanto que apenas 9% são fortemente interessados no que sua celebridade favorita tem a dizer. Os demais entrevistados possuem níveis intermediários de interesse que variam entre esses dois extremos.

A pesquisa também descobriu que existem diferenças entre republicanos e democratas. Estes últimos são considerados mais influenciáveis por opiniões de famosos do que republicanos, com 55% dos entrevistados democratas alegando que são influenciados de alguma forma, ao passo que entre os republicanos este índice chega apenas a 31%.

Foi identificado também que apenas 21% dos entrevistados deixaram de seguir um famoso nas redes sociais por causa de sua posição política, 24% deles alegaram que deixaram de assistir a um programa de TV ou a um filme pelo mesmo motivo e apenas 11% já doaram para alguma campanha promovida por uma celebridade. 40% dos entrevistados disseram não se influenciar de forma alguma por famosos, ao passo que 7% estão no extremo oposto e disseram sentir muita influência.

No entanto, a pesquisa descobriu que as pessoas acham apropriado que os famosos toquem em certas questões, como a campanha para encorajar o voto (71% acha apropriado), apoio a reforma psiquiátrica (71%), combate ao assédio sexual (70%) e apoio aos direitos das mulheres (69%).

Tyler Sinclair, pesquisador da Morning Consult, observa que os dados apontam existir um maior interesse das pessoas quando os famosos se expressam mais sobre questões universais do que questões que tem um apelo bipartidário, como, por exemplo, as polêmicas declarações que o Presidente Trump dá a imprensa de vez em quando.

No Brasil não existe nenhuma pesquisa do tipo, mas a julgar pela audiência das novelas globais e pela popularidade de artistas que continuam com milhares (e até milhões) de seguidores apesar de suas posições políticas, os resultados não seriam muito diferentes se a pesquisa fosse feita por aqui.