Assim como a Panini Comics tem feito com a Marvel ao republicar arcos clássicos de diversos Super-heróis na Coleção Histórica Marvel, ela também tem feito a mesma coisa com os principais artistas a compor sagas para os principais personagens da DC Comics, republicando em um formato bastante acessível aos leitores (até o momento). Para comemorar os 80 anos do personagem mais importante para os quadrinhos ao redor do mundo, a cada edição desta coleção de encadernados, um artista diferente tem seu trabalho abordado mostrando seu impacto para a composição da mitologia do Superman, Lendas do Homem de Aço: Gil Kane vol.1, não perde essa essência e compõe as melhores histórias do desenhista que marcou não apenas o Homem de Aço, mas diversos heróis ao longo de sua carreira.

Este encadernado contém um compilado de histórias do personagem, incluindo algumas lendas de seu mundo natal que se adéquam em diversas situações da humanidade, além de uma história de viagens temporais aonde o herói precisa combater o mago Satanis que dominou uma outra parte do seu eu, aventuras de seu neto em um futuro distante e ainda um pequeno arco do Homem-Definitivo, que ao evoluir consegue adquirir poderes extraordinários. Apesar disto abordar metade do encadernado praticamente, o ponto alto é a história de origem do novo Brainiac, que após ser transmutado em um estado de essência molecular que viaja por todo o tempo e espaço em busca de conhecimento, se transforma em um novo ser, sem nenhum sentimento e que faz de tudo para derrotar o Superman, que segundo ele, é o agente de um ser supremo que quer exterminar sua presença do universo.

Esta edição é focada em Gil Kane, um titã dos quadrinhos, principalmente por seu nome estar envolvido em diversos arcos tanto da Era de Ouro quanto a Era de Prata. Eli Katz (nome de batismo), nasceu em 6 de abril de 1926 em Riga, Letônia, um dos países que pertenciam a Cortina de Ferro. Em 1929 sua família então se mudou para os EUA, se estabelecendo no Brooklyn. Sua carreira como desenhista começou aos 16 anos, enquanto ainda estudava na High School of Industrial Art, começou a trabalhar em estúdios como assistente com o trabalho de desenhar as bordas dos quadrinhos, cerca de um mês após, já desenhava e coloria ilustrações, deixando assim a escola para trabalhar o dia inteiro.

Nos anos seguintes, Kane prestou seus serviços para diversas editoras, incluindo a Timely que mais tarde viria a se chamar de Marvel Comics, aprendendo com grandes artistas como: Jack Kirby e Joe Simon. Infelizmente, interrompeu sua carreira brevemente para se alistar ao exército durante a segunda guerra mundial, mas no final dos anos 50, já participava intensamente das publicações da DC, ajudando a modelar a Era de Prata dos quadrinhos e se tornar um dos principais artistas de uma série de novos títulos de super-heróis baseados em personagens dos anos 40, como: Lanterna Verde (1959) e Eléktron (1961). Também continuou a trabalhar para a Marvel ilustrando diversas revistas nos anos 60, como: Homem-Aranha, Hulk e Capitão América, porém tinha um certo “desentendimento” com Vince Colleta um dos principais arte finalistas da Marvel, que passava tinta em seu lápis. O estilo de Kane combinava figuras detalhadas de Frank Frazetta com a violência e movimentos estilizados, porém exagerados de Kirby, cujo qual influenciou diversos artistas na época.

Dos projetos paralelos do autor, dois se destacam por sua longevidade: His name is… Savage (1968) e Blackmark (1971), que fugiam completamente dos padrões da época. As duas obras foram publicadas em apenas um único volume ao invés de em série, sendo consideradas exemplos de protótipos do formato “Graphic Novel” ou vulgarmente conhecidos como: Encadernados, hoje em dia.

O Encadernado não prende a atenção do leitor logo de cara, mas alimenta ainda mais a mitologia de sabedoria do personagem, com os contos perdidos de Krypton que servem mais como lição de moral, encabeçadas pelos roteiristas: Martin Pasko e Bob Rozakis. Logo após temos uma história do mago: Satanis, que dividiu o Superman em duas parte e os jogou em diferentes lugares na linha temporal, possuindo uma delas para derrotar a sua mulher: Syrene e conquistar toda a linha temporal, escrita por: Marv Wolfman. Mas o ponto alto deste encadernado é a origem da nova versão computadorizada e totalmente sem emoções de Brainiac, que ainda hoje aparece em diversos arcos da editora, com uma narrativa ágil e em perfeito sincronia com os desenhos (Talvez porque seja desenhada e roteirizada pelo mesmo autor), apesar de ser realmente muito boa, se comparada com o contexto do encadernado, perde um pouco a sua grandiosidade, mas nada que impacte diretamente na experiência de leitura.

Apesar de ser um material muito bom, o preço cada vez mais salgado, talvez pela injustificável alta quantidade de páginas em cada edição, pode tornar estes encadernados inviáveis para muitos colecionadores, como foi o caso da coleção de Graphic Novels da Salvat, chegando a valores exorbitantes ficando cada vez mais reprisados nas bancas e livrarias por todo o território brasileiro. Apesar dos pesares, ainda é uma excelente aquisição, tanto para quem gosta do Homem de Aço, quanto para quem quer conhecer mais sobre o personagem.

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Kauê Medeiros
Estudante de jornalismo, e amante de filmes e quadrinhos desde que se conhece por gente. Existindo em uma vida dirigida pelo Stanley Kubrick e roteirizada pelo Grant Morrison.