Inuyashiki: Last Hero é a adaptação do mangá homônimo de Hiroya Oku, mesmo autor de Gantz, que narra a história de Ichiro Inuyashiki, um homem com 58 anos que aparenta ser bem mais velho, com uma família que o despreza e que descobre que tem pouco tempo de vida devido à um câncer. Quando a sua vida parece não poder piorar, uma luz ofuscante o atinge, após acordar ele percebe então que algo está diferente com ele.

Havia muito tempo que este que vos fala esperava o lançamento do anime baseado em Inuyashiki, tanto por ser um fã do autor Hiroya Oku, tal como da sua obra Gantz, quanto por ouvir apenas elogios do mangá base para a adaptação. E após o final do anime devo dizer que… sim, valeu a pena. Talvez não todas, mas a maioria das minhas expectativas para Inuyashiki foram atendidas. O anime apenas me desapontou em aspectos técnicos como a animação que em alguns momentos parece problemática e travada. Começando despretensioso, com um primeiro episódio melancólico e sem muita ação, o verdadeiro gancho que faz você querer mais dessa obra em seu inicio é o seu protagonista, Ichiro. A crítica sempre certeira de Oku é bem transportada para o anime, mostrando o quanto Inuyashiki é desprezado por sua família e tido como invisível na sociedade individualista em que vive, tendo como companhia mais próxima um cachorro encontrado na rua. O sentimento de solidão é tratado com muita leveza pelo anime com alguns planos que exaltam o quão só Inuyashiki está. Isso até o grande momento em que o protagonista se encontra com a máquina que agora fará parte de seu corpo, ou melhor, é atingido por ela. A partir daí, ele começa à usar as habilidades que recebeu para fazer, ou tentar fazer o bem.

As semelhanças com a jornada do herói já são bem claras no inicio da história. Inuyashiki não pediu por isso, não estava preparado, eles apenas estava lá naquele momento e agora deve usar os poderes que recebeu enquanto se distancia da sua humanidade. Após a apresentação do papel do protagonista o anime já parte para a apresentação de seu antagonista que na verdade segue a mesma trajetória de Inuyashiki, se distancia da sua humanidade. Mas enquanto o protagonista se distancia dela como um herói, pondo o bem dos outros a frente do seu, Hiro Shishigami se distancia dela pondo a sua satisfação a frente dos outros, satisfação com a desordem, com o caos. Ele pode parecer devido a seu desejo sádico de ver a desgraça, um vilão injustificável, mas assim como ele não tem motivos para matar, Inuyashiki não tem motivos para salvar. Eles apenas tem o poder de fazer isso. Isso faz com que os objetivos um do outro se confrontem, e a tensão é crescente a cada episódio. Enquanto um faz cada vez mais ações gloriosas, outro faz mais ações desastrosas. Esse é o mais puro confronto do bem contra o mal. E sem dúvida, o ponto mais positivo do anime.

Enquanto os dois combatentes vão sendo explorados ao máximo pelo anime, os coadjuvantes da história vão sendo desenvolvidos lentamente, e de modo suave, o que faz com que sem perceber você se importe com eles e sofra junto com eles no desfecho da trama. Desfecho esse que parece corrido e muito Deus Ex Machina, e pode ser, mas ele sabe trabalhar sua urgência, enquanto os episódios anteriores ao último são caóticos e desesperadores, o último vem lento, com uma dose de conformismo com o fim o que desperta uma agonia no espectador, um sentimento de vazio e de que tudo foi em vão. E é isso que está explicito nos últimos diálogos do episódio, com o fim eminente, tudo se torna decorrência. E para que não se torne, é preciso que haja sacrifício, e é neste sacrifício que há a redenção, além disso, é o encontro do verdadeiro sentido da vida. Isso para alguns, porque esse sentido é diferente de individuo para individuo. E para não dar spoillers, assim acaba um dos animes mais brilhantes de 2017. Uma releitura de super-herói que se torna uma discussão sobre o que cada um procura como objetivo de vida.

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